Indústria e academia debatem fortalecimento de pesquisa aplicada 05/11/2013 - 15:10

Investimento em pesquisa e em formação de profissionais: esses são, segundo Álvaro Prata, secretário de Inovação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), os principais fatores que podem impulsionar a competitividade do país. O secretário participou na última sexta-feira (01), do “Workshop Sistema Indústria e Instituições de Ciência e Tecnologia: Referências e Instrumentos Legais para o Fortalecimento da Pesquisa Industrial Aplicada”, promovido pelo Sistema Fiep, por meio do Senai, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Fundação Araucária.

Prata ainda explicou que um dos maiores desafios é que, no Brasil, se produz muito conhecimento, mas que não é revertido em benefícios econômicos. “Sabemos gerar conhecimento, mas não sabemos transformá-lo em riqueza. Ainda existe pouca inovação em muitos setores industriais. E inovação se faz na indústria, com gente qualificada e motivada”, defende o secretário. Segundo ele, um dos pontos que pode reverter esse quadro é estimular a transferência de talentos das universidades para as indústrias. “Há vida virtuosa fora dos muros acadêmicos. Nossos bons alunos não são estimulados a trabalhar na indústria, mas sim, a ficar na universidade. É preciso caminhar para que a fronteira que separa a academia e a indústria torne-se cada vez mais tênue, a ponto de não percebermos mais quando estamos em um ambiente ou outro”, conclui.

Destinado às lideranças, assessores jurídicos e pesquisadores das universidades e demais instituições de pesquisa do Estado, o evento teve como objetivo promover o compartilhamento de boas práticas para a dinamização de projetos de pesquisa entre empresas e instituições de ciência e tecnologia. O vice-presidente da Fiep e coordenador do Conselho Temático de Política Industrial, Inovação e Design, Rodrigo Martins, destacou a importância do trabalho realizado pelo Sistema Fiep para incentivar esse relacionamento. “A Fiep trabalha não só para criar um ambiente de relacionamento entre a indústria e as universidades, mas sim, para integrar essas instituições de forma perene e consolidada”, argumentou Martins. “Não há como incentivar o desenvolvimento da competitividade do país sem integrar e dinamizar esses dois campos. Precisamos de sinergia para utilizar, da melhor maneira possível, os ativos que cada um dos lados têm disponíveis”, finalizou o vice-presidente.

O papel do Sistema Fiep como dinamizador dessa relação também foi ressaltado pelo reitor da UFPR, Zaki Akel. “A Fiep ocupa papel de protagonista no incentivo da parceria entre a indústria e a academia, é um dos atores mais atuantes. As grandes universidades do Estado também estão engajadas para trazer a pesquisa para dentro da indústria e vice-versa. Hoje estamos aqui na casa da indústria, e quando o empresário perder o medo de entrar na academia, ambos os lados terão muito a ganhar”, disse.

Durante o encontro, Markus Will, do Fraunhofer-Institute for Production Systems and Design Technology (IPK), apresentou as boas práticas do instituto para viabilização de pesquisas aplicadas entre academia e empresas. Will ainda demonstrou de que forma é estruturado o Fraunhofer, como acontece a relação universidade e instituições de pesquisa na Alemanha, e a parceria com o Senai para implantação dos Institutos Senai de Inovação (ISIs). Segundo Alberto Pavim, especialista em Desenvolvimento Industrial do Departamento Nacional do Senai, até 2015, serão implantados 25 institutos de inovação em todo o país.

O primeiro instituto inaugurado foi o paranaense, em setembro, com foco na pesquisa aplicada em Eletroquímica. A estratégia de implementação espelha-se no modelo utilizado pelo Fraunhofer e nos objetos dos próprios ISIs, de aumentar a competitividade e desenvolver a inovação do país, oferecendo para as indústrias além da qualificação de mão de obra, serviço prestado pelo Senai no Paraná há 70 anos, suporte para pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias.

O evento que também foi realizado pela Fundação Araucária contou com a presença do presidente da instituição, Paulo Brofman.  “São workshops como esses, com essa linha e essa abrangência, que fazem a diferença e nos dão ânimo para prosseguir com  trabalhos em prol do desenvolvimento do país. Por muito tempo o foco da pesquisa foi a publicação, mas isso precisa mudar. A pesquisa precisa ser transformada em patente, em inovação. A patente traz riqueza ao pesquisador, à instituição de pesquisa e ao país. Não é vergonha nenhuma ganhar dinheiro com pesquisa, esse mérito deveria ser obrigação. Destaco a importância na realização de eventos como esse e reitero a intenção de repetir esse encontro com as universidades do estado”, informou Brofman.

Os participantes também puderam conhecer as boas práticas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais e do Código Nacional de CT&I em tramitação no Congresso Nacional. Ao final, os presentes escolheram três temas para serem debatidos: a melhoria das regras para o compartilhamento de infraestrutura física e equipamentos; das políticas internas e instrumentos legais e administrativos visando à dinamização de projetos, e a da distribuição de propriedade intelectual em projetos de pesquisa aplicada desenvolvida em parceria entre indústria e instituições de ciência e tecnologia. Em grupo, os participantes elaboraram proposições de estratégias evolutivas nos âmbitos estadual e nacional para estes temas.




Fonte: Agência FIEP


GALERIA DE IMAGENS