Ações do Napi Fenômenos Extremos do Universo contribuem para o avanço da Astronomia paranaense 05/09/2023 - 17:15

Cerca de 60 pesquisadores e estudantes participaram, nesta terça-feira (5) na Fundação Araucária e remotamente, do Workshop do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (Napi) Fenômenos Extremos do Universo. Durante o evento, foram apresentados os importantes resultados alcançados nos primeiros dois anos de atividade da rede de pesquisadores.

Na primeira fase de trabalho o Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária e da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), investiu R$ 1.083.000,00 e, grande parte deste recurso R$ 803 mil, estão sendo investidos na construção da estrutura de suporte de um telescópio do Cherenkov Telescope Array (CTA). O CTA é um projeto mundial para construir uma nova geração de instrumentos de raios gama de alta energia, ele será o principal observatório global da astronomia.

“Nós tentamos envolver o maior número de pesquisadores da área de astronomia neste novo arranjo por meio de workshops, o que animou muito e contribuiu para a integração destes pesquisadores. Além disso, focamos na prioridade desta etapa que era a construção da estrutura do telescópio”, explica a pesquisadora da Universidade Federal do Paraná e articuladora do Napi Rita de Cássia dos Anjos.

Além da busca pela inovação e desenvolvimento de instrumentos voltados à pesquisa astronômica e espacial, o Napi tem trabalhado em descobertas nas áreas de astrofísica, cosmologia e gravitação. Também tem avançado no fortalecimento da internacionalização das instituições paranaenses na área de astronomia.

Segundo o professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Espírito Santo e pesquisador do Napi, Jaziel Goulart Coelho, o desenvolvimento de estruturas para a construção de observatórios deve fomentar a indústria nacional e permitir a liderança paranaense em descobertas científicas e na geração de inovação e instrumentação científica.

“Com uma melhor estrutura para os nossos observatórios nós colocamos os cientistas paranaenses e estudantes no primeiro nível de acesso aos primeiros dados quando o telescópio estiver em pleno funcionamento. Também teremos a oportunidade de desenvolver junto à indústria paranaense, tecnologia de ponta com descobertas que vão ser de grande impacto dentro da astronomia e da astrofísica”, ressalta o pesquisador.

Coordenador de um dos projetos desenvolvidos no Napi, o pesquisador  e diretor do Observatório Astronômico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Marcelo Emilio, tem atuado com estudiosos da Fundação Planets que reúne pesquisadores de vários países interessados em descobrir vida em outros planetas. Atualmente a instituição está construindo um telescópio com a capacidade de explorar atmosferas de exoplanetas próximos. Um telescópio de dois metros será instalado no Havaí. 

“Quando este telescópio ficar pronto será o maior telescópio fora do eixo para observação noturna, servindo de base tecnológica para construirmos telescópios ainda maiores. O grande diferencial desta tecnologia que estamos desenvolvendo é que ele pode ser construído com menos material e muito mais barato”, afirma Marcelo Emilio.

O professor da UEPG também anunciou, durante o evento, que já há a aprovação para o curso de graduação em Astronomia na universidade que será o terceiro existente no País. Atualmente ele é ofertado apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Entre as principais ações, o Napi também tem atuado na divulgação científica na área de astropartículas com inclusão social por meio do incentivo à participação de meninas nos projetos de astrofísica e astronomia nas escolas; também em parcerias com escolas e secretarias por meio de cursos/oficinas para professores e alunos e elaboração de materiais para deficientes visuais e baixa visão voltados para o ensino de astronomia.

Além da UFPR, UTFPR e UEPG, integram o Napi Fenômenos Extremos do Universo pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) e da empresa BrasilSat.  

Atualmente já são mais de 50 Novos Arranjo de Pesquisa e Inovação implantados ou em construção. A Fundação Araucária tem realizado uma série de workshops temáticos em que os pesquisadores membros do Napis podem apresentar os principais resultados alcançados dentro da fase de trabalho em que se encontram e projetar ações futuras.

“Para a Fundação Araucária é muito satisfatório verificar que este novo modelo de fomento que são os Napis, cada vez mais, se consolida e é referência para outros estados. O Napi Fenômenos Extremos do Universo, que inicialmente parecia tratar somente de pesquisa básica, tem ido muito além contribuindo para a formação de recursos humanos e na geração de pesquisa aplicada”, enfatiza o assessor jurídico da Fundação Araucária Júlio Cezar Bittencourt.

Na segunda fase dos estudos do Novo Arranjo Fenômenos Extremos do Universo, que devem seguir até 2028, serão priorizados os projetos de física aplicada que têm grande impacto na sociedade.