Arqueólogo das Palavras: Pesquisador ucraniano mantém a memória viva da terra natal no Brasil 11/10/2023 - 16:36

O caminho contrário. Yurii Kovbasko acorda todos os dias disposto a inverter o que a ofensiva russa faz na Ucrânia atualmente. Enquanto bombas e ataques tentam destruir a cultura e identidade do seu povo, o pesquisador trabalha para manter a memória ucraniana viva. Tudo com apenas uma arma: as palavras.

Na Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), de Guarapuava, desde agosto de 2022, Yurii atua para unir o futuro e o passado. Ao manusear jornais produzidos em Prudentópolis no início do século 20, o simbolismo surge, como um arqueólogo. Mas no lugar de objetos, ele encontra palavras. “O que estou fazendo agora aqui é criar um banco de dados. Na próxima etapa vou analisar, para finalmente criar um grande banco de dados da língua ucraniana no Brasil”, explica.

A língua ucraniana atravessa Yurii em todas as esferas da vida. Filólogo na Universidade Vasyl Stefanyk Precarpathian, ele mora na cidade de Ivano-Frankivsk, inspirada em Inván Frankó, um dos mais influentes poetas, escritores e dramaturgos da Ucrânia. “É muito difícil manter a memória da Ucrânia viva em outra parte do mundo. São mais de 50 mil quilômetros de distância”, adverte.

Mas a separação que o Oceano Atlântico proporciona não impede os planos de Yurii. “Se você não conhecer o seu passado, você não conhecerá o seu futuro”. O plano para a pesquisa é disponibilizar o banco de dados em todos os países. “Todas as outras pessoas na Ucrânia ou no mundo poderão usá-lo e analisar a língua do nosso povo ucraniano que viveu, que escreveu e que publicou”.

Na sala de casa em Guarapuava, Yuri, esposa e filho têm uma marca, para lembrar o porquê estão aqui: as cores amarela e azul, da bandeira da Ucrânia, são o símbolo do seu povo. Vir para o Paraná de forma temporária foi decisão puramente para fins de pesquisa, segundo ele. “Nós não mudamos para lugar nenhum. Decidimos ficar e se não fosse no Brasil, eu acho que eu estaria na Ucrânia, disso eu tenho certeza”, afirma.

O amor pela terra natal é grande. Ao fazer ciência no Paraná, ele reafirma a existência da Ucrânia como país. Por conta do impacto que a língua russa tem na Ucrânia, nos últimos 20 anos, antes de 2014 a 2020, a língua ucraniana acabou enfraquecendo. “Porque todas as pessoas, especialmente de Kiev ou outras cidades grandes, pensaram que isso as tornava pessoas marginalizadas”, explica. A língua do país é considerada um dialeto pelos russos. “E as pessoas tentam usar outros russos e ucranianos para se enquadrar na sociedade, para não mostrar que eles vêm das ‘montanhas’”, exemplifica. Para inverter essa lógica, Yurii reúne esforços para manter de maneira formal e oficial a léxica, a gramática e o estudo da linguagem ucraniana.

Na pesquisa

No momento, o trabalho do pesquisador se resume em uma ação: tirar fotos. “Estou o dia todo só com o celular, tirando fotos, verificando se está tudo bem, se está legível ou não”, conta.

Nos jornais, ele já nota algumas diferenças de grafia em algumas palavras publicadas em jornais ucranianos a partir da década de 1890, como a palavra ‘Olimpíada’. A intenção é que, quando softwares de leitura identificarem uma mudança de palavra, a tradução seja feita automaticamente. “A máquina funciona como uma máquina. É por isso que quero criar esse banco de dados da língua ucraniana que foi utilizada, foi escrita ou publicada no território do Brasil durante o século 20”.

O projeto é puramente linguístico. “Será de grande utilidade para quem se interessa pela língua ucraniana, pela linguística ucraniana, pois com este corpus você poderá analisar qualquer fenômeno linguístico em 10 segundos, em um minuto”, conta.

Luciane Baretta é supervisora da pesquisa de Yurii, no Programa de Pós-Graduação em Letras da Unicentro. "O enfoque especial da pesquisa é dado para a variedade de gêneros que representam as possíveis esferas das atividades gerais e pessoais, para recriar o retrato geral da comunidade ucraniana no Brasil", informa.

O material coletado não se limita a romances, mas também analisa poemas, literatura acadêmica, textos religiosos, textos legais, jornais, diários, panfletos, (auto)biografias, receitas, cartas, arquivos familiares, comentários em fotografias, correspondência pessoal, documentos, agendas e discursos. Todos os materiais manuscritos ou impressos durante o período de 1872 a 1951 são objeto de análise.

A coleta de dados continua ocorrendo e, até o momento, Yurii já registrou aproximadamente 100 GB de arquivos, extraídos de fontes impressas brasileiras e argentinas. Todos os dados serão organizados e estruturados para compor o Corpus Diacrônico da Língua da Diáspora Ucraniana no Brasil. "Esse corpus será uma coleção de material diacrônico escrito da língua ucraniana utilizada no Brasil, que será armazenado em um computador, acessível a pessoas de todo o mundo e utilizado para estudar como a linguagem é usada", informa Luciane.

O próximo passo da pesquisa é o refinamento do material, para que ele seja integrado ao Corpus Geral Anotado Regionalmente da Ucrânia, a maior coleção representativa de textos em ucraniano.

Sobre a Guerra

Mesmo em meio à Guerra, Yurii continuava ministrando aulas, de maneira remota. Entre os estudos dentro de casa, a ofensiva russa atacava na área externa. “Quando ouvíamos a sirene,  era preciso parar a aula e se esconder. Se você quisesse podia ir para o abrigo antiaéreo, se não, ia para algum lugar, como o banheiro”. Uma manhã ficou na memória do pesquisador: o dia que os ataques começaram, em 2022.  Enquanto as pessoas falavam sobre a Guerra, ele foi tirar dinheiro no caixa eletrônico.

“Estávamos em uma longa fila. Eu não estava sozinho. Havia pessoas que sentiam o mesmo. E havia, eu acho, 23 pessoas perto do caixa eletrônico esperando. Então para nós era apenas mais uma manhã”, recorda. Naquela situação, as notícias sobre o conflito tomaram conta da rotina da família de Yurii. “Eu nunca na minha vida assisti tanta TV, porque estávamos apenas esperando” . A espera, segundo ele, é pela vitória, com a certeza de que a Guerra terminará em breve. “Tenho a certeza de que a Ucrânia vencerá e espero que os parceiros ocidentais sejam mais decisivos nas suas  atitudes e que a nossa vitória venha muito mais rapidamente do que algumas pessoas dizem”.

E quando a vitória chegará? “Não sei. Esperamos que isso possa acabar em breve”, ressalta. Mesmo com a incerteza, uma rotina já foi estabelecida. Yurii fala com os familiares pelo menos três vezes ao dia. A primeira ligação é das 08h às 9h, para a mãe, nos horários brasileiros, por conta da diferença de seis horas com a Ucrânia. “Então, a gente tem essa primeira ligação porque se eu não ligar ela fica preocupada, porque ligamos todos os dias na mesma hora”. Depois, o filho de Yurii liga para a avó, por volta das 13h. “E quando são 22h na Ucrânia eu faço a última ligação para saber como foi o dia, se está tudo bem, se teve algum problema”, complementa.

A família e a Ucrânia são as duas grandes motivadoras de Yurii. Mas seu projeto não é pessoal. “Eu não vou me beneficiar dele. Eu faço isso para outras pessoas. Em dois ou três anos eu espero que ele dê frutos”, conta. O objetivo é que a maioria das pessoas que falam ucraniano, ou que estão interessadas no idioma, se beneficie com o projeto.

Na extensão

Na Unicentro, os pesquisadores ucranianos foram inseridos como participantes do programa de extensão "Núcleo de Estudos Eslavos", com o objetivo de desenvolver  atividades junto à comunidade ucraniana da região centro-sul do Paraná. O coordenador do projeto, professor Clodogil dos Santos, será o orientador extensionista de Yurii no projeto intitulado ‘Ações de fortalecimento da identidade cultural ucraniana no cenário paranaense’.

“Dentre essas atividades, é possível destacar a colaboração do pesquisador em cursos de língua ucraniana, que são ministrados para membros da comunidade”, informa Clodogil. Como parte do trabalho no projeto, Yurii participou como palestrante em eventos de lançamento de livro sobre o Holodomor, o genocídio praticado contra o povo ucraniano pelo regime de Stalin em 1932 e 1933. “As ações extensionistas contemplam também a colaboração do pesquisador na organização do Simpósio Internacional de Estudos Eslavos, a ser realizado em junho de 2024”, acrescenta o coordenador.

Como Clodogil trabalha em Irati e Yurii em Guarapuava, o contato da dupla se dá majoritariamente de forma online. “Devido ao envolvimento do pesquisador com o Núcleo de Estudos Eslavos, sabemos que sempre podemos contar com ele nas ações desenvolvidas pelo Programa. A expectativa é envolver o pesquisador em mais ações desenvolvidas pelo Núcleo”, completa.

Yurii tem percorrido comunidades ucranianas no Paraná, como Prudentópolis, Mallet, Irati e Curitiba, além de se reunir com lideranças locais. “Ter esses pesquisadores trabalhando conosco possibilitou vislumbrar ações de internacionalização de modo mais concreto”, avalia Clodogil. Para ele, a ação promovida pela Fundação Araucária é de fundamental importância tanto para as universidades como para a comunidade de imigrantes e descendentes que moram no Paraná.

Entre Brasil e Ucrânia

Com a chegada no novo continente, a comparação com duas realidades distintas acaba sendo inevitável. A família chegou em Guarapuava no final do inverno, enquanto na Ucrânia o verão se encerrava. “O que eu notei é que no Brasil vocês não têm temperaturas negativas. Mas há dias em que a temperatura [na Ucrânia] pode chegar a -10, -15ºC”, exemplifica. Outras diferenças que notou, no dia a dia, são relacionadas à comida, como o açúcar branco, muito mais doce do que o costume na Ucrânia.

“Açaí… nós provamos e realmente gostamos. Estava muito gelado, tentamos comer em pequenas colheradas. Provamos pastel e caldo de cana com um pouco de abacaxi”, conta.  A família já se habituou a fazer a feira de frutas no supermercado. “Comemos bananas, vi que tem pelo menos quatro tipos, de diferentes tipos e tamanhos, então cada dia você tem algo novo para provar. Já trouxemos para casa laranja e é extremamente gostosa”, descreve.

“Estou realmente grato à Fundação Araucária por essa oportunidade de vir ao Brasil. Essa é uma experiência única”, comemora Yurii. Quando ele recebeu a carta de aceite, apenas sentimentos bons invadiram a mente e o coração do pesquisador. “A partir daquele momento eu estava tentando seguir em frente, e arrumar tudo que era necessário para que essa jornada se tornasse real”. Yurii faz questão de ressaltar que não é refugiado no Brasil e que veio fazer apenas uma coisa, antes de voltar para a Ucrânia: pesquisar.  Quando retornar para a terra natal, ele deseja encontrar um cenário diferente. “Queremos paz. Eu só quero desejar que isso pare o mais rápido possível. E claro, com a nossa vitória. Não há outra forma”, finaliza.

 

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Word Archaeologist: Ukrainian researcher keeps the memory of his homeland alive in Brazil

 

The opposite way.Yurii Kovbasko wakes up every day willing to reverse what the Russian offensive is doing in Ukraine today. While bombs and attacks try to destroy the culture and identity of his people, the researcher works to keep Ukrainian memory alive. All with just one weapon: words.

At the Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), in Guarapuava, since August 2022, Yurii has been working to unite the future and the past. When he handles newspapers produced in Prudentópolis at the beginning of the 20th century, symbolism emerges, like an archaeologist. But instead of objects, he finds words: "What I'm doing here now is creating a database. In the next stage I'll analyze it, to finally create a larger database of the Ukrainian language in Brazil", he explains.

The Ukrainian language runs through Yurii in all spheres of life. A philologist at Vasyl Stefanyk Precarpathian University, he lives in the city of Ivano-Frankivsk, inspired by Inván Frankó, one of Ukraine's most influential poets, writers and playwrights. "It's very difficult to keep the memory of Ukraine alive in another part of the world. It's more than 50 thousand kilometers away", he warns.

But the separation provided by the Atlantic Ocean doesn't stop Yurii's plans. "If you don't know your past, you won't know your future". The plan for the research is to make the database available in all countries. "Everyone else in Ukraine or the world will be able to use it and analyze the language of our Ukrainian people who lived, who wrote and who published".

In the living room of their home in Guarapuava, Yuri, his wife and son have a sign to remind them why they are here: the yellow and blue colors of the Ukrainian flag are the symbol of their people. Coming to Paraná temporarily was a decision purely for research purposes, according to him. "We didn't move anywhere. We decided to stay and if it wasn't in Brazil, I think I'd be in Ukraine, that's for sure", he says.

His love for his homeland is big. By doing science in Paraná, he reaffirms Ukraine's existence as a country. Because of the impact that the Russian language has had on Ukraine, in the last 20 years, before 2014-2020, the Ukrainian language ended up weakening. "Because all the people, especially from Kyiv or other big cities, thought that it made them marginalized", he explains. The country's language is considered a dialect by Russians. "And people try to use other Russians and Ukrainians to fit into society, so as not to show that they come from the 'mountains'", he says. To reverse this logic, Yurii is working to keep the lexicon, grammar and study of the Ukrainian language formal and official.

On research

At the moment, the researcher's work can be summed up in one action: taking photos. "I use my cell phone all day, taking pictures, checking if everything is okay, if it's legible or not", he says.

In newspapers, he has already noticed some differences in the spelling of words published in Ukrainian newspapers from the 1890s onwards, such as the word 'Olympiad'. The intention is that when reading software identifies a word change, the translation will be done automatically. "The machine works like a machine. That's why I want to create this database of the Ukrainian language that was used, written or published in Brazil during the 20th century".

The project is purely linguistic. "It will be of great use to anyone interested in the Ukrainian language, in Ukrainian linguistics, because with this corpus you can analyze any linguistic phenomenon in 10 seconds, in a minute", he says.

Luciane Baretta is Yurii's research supervisor at the Post-Graduate Program in Literature at Unicentro. "The special focus of the research is on the variety of genres that represent the possible spheres of general and personal activities, to recreate the general portrait of the Ukrainian community in Brazil", she says.

The material collected is not limited to novels, but also analyzes poems, academic literature, religious texts, legal texts, newspapers, journals, pamphlets, (auto)biographies, recipes, letters, family archives, comments on photographs, personal correspondence, documents, diaries and speeches. All manuscripts or printed materials from 1872 to 1951 are analyzed.

Data collection continues and, so far, Yurii has recorded approximately 100 GB of files, extracted from Brazilian and Argentinian printed sources. All the data will be organized and structured to make up the Diachronic Corpus of the Language of the Ukrainian Diaspora in Brazil. "This corpus will be a collection of diachronic written material of the Ukrainian language used in Brazil, which will be stored on a computer, accessible to people all over the world and used to study how the language is used", says Luciane.

The next step in the research is to refine the material so that it can be integrated into the General Regionally Annotated Corpus of Ukraine, the largest representative collection of Ukrainian texts.

About the war

Even amid the war, Yurii continued to teach remotely. In between studying indoors, the Russian offensive was raging outside. "When we heard the siren, we had to stop teaching and hide. If you wanted to, you could go to the air-raid shelter; if not, you had to go somewhere, like the bathroom". One morning remains in the researcher's memory: the day the attacks began in 2022.  While people were talking about the war, he went to withdraw money from the ATM.

"We were in a long queue. I wasn't alone. Some people felt the same way. And there were, I think, 23 people near the ATM waiting. So for us, it was just another morning", he recalls. In that situation, news of the conflict took over Yurii's family's routine. "I've never watched so much TV in my life, because we were just waiting". The waiting, he says, is for victory, with the certainty that the war will end soon. "I'm sure that Ukraine will win and I hope that the Western partners will be more decisive in their attitudes and that our victory will come much more quickly than some people say".

And when will victory come? "I don't know. We hope it can end soon", he says. Even with the uncertainty, a routine has been established. Yurii talks to his family at least three times a day. The first call is from 8 am to 9 am, to his mother, in Brazilian time, due to the six-hour time difference with Ukraine. "So we have this first call because if I don't call she gets worried because we call at the same time every day". Then Yurii's son calls his grandmother at around 1 pm. "And when it's 10 pm in Ukraine, I make the last call to find out how the day went, if everything is okay, if there were any problems", he adds.

Family and Ukraine are Yurii's two main motivators. But his project is not personal. "I'm not going to benefit from it. I'm doing it for other people. In two or three years I hope it will bear fruit", he says. The aim is for the majority of people who speak Ukrainian, or who are interested in the language, to benefit from the project.

In the extension

At Unicentro, the Ukrainian researchers have been included as participants in the extension program "Nucleus of Slavic Studies", to develop activities with the Ukrainian community in the south-central region of Paraná. The project's coordinator, Professor Clodogil dos Santos, will be Yurii's extension supervisor in the project entitled 'Actions to strengthen Ukrainian cultural identity in Paraná'.

"Among these activities, we can highlight the researcher's collaboration in Ukrainian language courses, which are taught to members of the community", Clodogil said. As part of his work on the project, Yurii participated as a speaker at book launch events about the Holodomor, the genocide practiced against the Ukrainian people by the Stalin regime in 1932 and 1933. "The extension activities also include the researcher's collaboration in organizing the International Symposium on Slavic Studies, to be held in June 2024", adds the coordinator.

As Clodogil works in Irati and Yurii in Guarapuava, the pair are mostly in contact online. "Due to the researcher's involvement with the Center for Slavic Studies, we know that we can always count on him in the actions developed by the Program. We hope to involve the researcher in more of the activities developed by the Center", he adds.

Yurii has visited Ukrainian communities in Paraná, such as Prudentópolis, Mallet, Irati and Curitiba, as well as meeting with local leaders. "Having these researchers working with us has made it possible to glimpse internationalization actions more concretely", says Clodogil. For him, the action promoted by the Araucária Foundation is of fundamental importance both for the universities and for the community of immigrants and descendants living in Paraná.

Between Brazil and Ukraine

Upon arriving on the new continent, comparisons with two different realities are inevitable. The family arrived in Guarapuava at the end of winter, while in Ukraine summer was ending. "What I noticed is that in Brazil you don't have freezing temperatures. But there are days when the temperature [in Ukraine] can reach -10, -15ºC," he says. Other differences he's noticed in everyday life are related to food, such as white sugar, which is much sweeter than what is customary in Ukraine.

"Açaí... we tried it and we really liked it. It was very cold, so we tried to eat it in small spoonfuls. We tried pastel and sugar cane juice with a bit of pineapple", he says.  The family has gotten used to the fruits at the supermarket. "We ate bananas, I saw that there are at least four types, of different types and sizes, so every day you have something new to try. We've already brought home oranges and they're extremely tasty", he describes.

"I'm really grateful to the Araucária Foundation for this opportunity to come to Brazil. This is a unique experience", says Yurii. When he received the acceptance letter, only good feelings invaded his mind and heart. "From that moment on, I was trying to move forward and arrange everything necessary for this journey to become real". Yurii is keen to stress that he is not a refugee in Brazil and that he came to do just one thing before returning to Ukraine: research.  When he returns home, he wants to find a different scenario. "We want peace. I just want it to stop as soon as possible. And of course, with our victory. There's no other way", he concludes.

 

Texto: Jéssica Natal - UEPG

Fotos:  Henry Milléo - UEPG.

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