Aumento na oferta de bolsas reduz evasão nas universidades, defende especialista 13/11/2023 - 15:44
“Evasão no Ensino Superior – O que muda no cenário pós-pandêmico?”. Esse foi o tema de encerramento do Ensino Superior do Futuro, que compõe o Eixo 1 da Semana Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – Paraná Faz Ciência 2023. A atividade foi realizada na noite desta quinta-feira (9), no Anfiteatro Cyro Grossi (CCB), quando também houve o anúncio da sede do Paraná Faz Ciência 2024: a Universidade Estadual de Maringá (UEM), além de um balanço da edição deste ano. O Paraná Faz Ciência reuniu, durante cinco dias de evento, a comunidade interna e externa, numa verdadeira demonstração do fazer científico da academia paranaense.
De acordo com a reitora Marta Favaro, foram mais de 1800 horas de programação. Entre visitantes agendados e inscritos nas atrações, congressos, oficinas e visitas, 18500 visitantes vieram até o Campus. Ela informou ainda que os eventos acadêmicos como o Por Extenso, Encontro Anual de Iniciação Científica (EAIC), de Iniciação Científica Jr (EAIC Jr) e o Pró-Ensino tiveram 2225 trabalhos apresentados.
Os convidados do debate sobre evasão no Ensino Superior foram o professor Paulo Azevedo, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus Toledo, que atua principalmente na área de metodologia quantitativa e avaliação de políticas e impacto sociais, e o diretor de Ensino Superior da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), Osmar Ambrosio.
Segundo Ambrósio, o atual percentual de evasão nas instituições do Estado chega a 52%. Esse número, no entanto, varia de curso para curso e de universidade para universidade, mas, em geral, os cursos que contam com maior perda de alunos, com até 60% de desistentes, são as licenciaturas, em especial Matemática, Geografia, Química e Filosofia. Cursos como Medicina, por outro lado, contam com uma taxa de abandono de cerca de 1%.
Quem entra e quem sai?
Paulo Azevedo enumerou algumas das razões pelas quais a evasão da universidade alcança números tão altos. Alunos egressos de escola pública, com renda familiar baixa, e matriculados no período noturno que trabalham, não fazem curso pré-vestibular ou são negros, tendem a evadir mais. Nesse sentido, estudantes com poucas condições econômicas são, muitas vezes, filhos de pais com baixa escolaridade. Isso limita o estudante já no momento da escolha do curso, considerando que o aluno ‘’não faz o curso que quer, mas, sim, o curso que pode’’, devido à sua vivência, qualidade de formação e condição financeira.
Durante o evento, foram apresentadas estratégias para diminuir a evasão. Segundo Azevedo, para resolver o problema a curto prazo, a solução seria a oferta de bolsas para dar suporte financeiro aos alunos que, muitas vezes, abandonam a universidade para poder trabalhar. Porém, a médio prazo, ele defende que devem ser desenvolvidas pesquisas de dados para mapear os estudantes que estão à beira da evasão. “Pesquisa de dados, atualização de dados online e pesquisa de fatores de correlação. Esses os levantamentos para identificar o aluno em situação de risco. Se estou alimentado de dados, se descobri os fatores associados à evasão e consigo acompanhar as ausências de um aluno, o coordenador de curso pode receber uma mensagem através de um sistema automatizado, alertando que um estudante está chegando em risco de abandonar a universidade.”
Já o diretor de Ensino Superior da Seti destacou que o Governo do Paraná tem como objetivo resgatar os alunos que evadiram das universidades e que prepara um estudo sobre o tema. “Nós estamos lançando uma encomenda governamental que vai sistematizar um estudo em rede, unindo os dados de todas as universidades para quantificar e dar um norte do que causa a evasão. A grande preocupação é aumentar o número de graduados formados. Para isso, nós temos que resgatar os alunos que evadem, e a preocupação é muito mais com os estudantes do que com os números. Para nós, transformar o percentual de formados de 47% para 50% é número. Mas esse percentual convertido em pessoas gera uma quantidade enorme de novos profissionais no mercado de trabalho”, ressaltou. Outro dado alarmante apresentado no evento foi de que 79% das vagas disponíveis nas universidades públicas do Paraná são ocupadas. As razões para isso são semelhantes às que geram a evasão.
Previsão de aumento de bolsas para 2024
Em entrevista nesta sexta-feira (10) à Rádio UEL FM, o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa, informou que a instituição pretende ampliar a oferta de bolsas em 2024. Segundo ele, os números ainda não estão sendo divulgados porque o planejamento para o próximo ano será apresentado somente daqui a duas semanas. Atualmente, a Fundação Araucária oferece cerca de 5 mil bolsas para graduação e pós-graduação, o que corresponde a um investimento de 65% do orçamento do órgão de fomento, explicou Spinosa.
Ele disse, ainda, de onde vieram os recursos que custearam a edição 2023 do Paraná Faz Ciência. Ao todo, foram R$ 2 milhões em investimentos para a estrutura montada na UEL, oriundos da própria Fundação Araucária (por meio do Fundo Paraná) e também da Seti. “Consideramos esse valor um investimento e não um gasto”, justificou Spinosa.
A entrevista completa foi ao ar nesta sexta na Revista do Meio-Dia.
Balanço da Semana de Ciência e Tecnologia
A reitora da UEL, Marta Favaro, agradeceu publicamente, durante o evento, à equipe organizadora do Paraná Faz Ciência e também aos professores, pesquisadores, estudantes e ao público que compareceu. “Foi um evento maravilhoso, com um saldo positivo de levar a ciência e tecnologia que estão sendo produzidas nas universidades à sociedade, às crianças e aos adolescentes que vieram até aqui. Sabemos do momento que vivemos e o quanto é importante juntar forças e dizer: ‘estamos vivos e somos imprescindíveis’”, comentou.
A vice-reitora da Universidade Estadual de Maringá, Gisele Mendes, comentou da responsabilidade que será sediar o Paraná Faz Ciência em 2024. “A UEL desenvolveu com brilhantismo e recebi o ‘bastão simbólico’ da reitora Marta Favaro. Para nós, é motivo de orgulho e também de grande responsabilidade. A gente diz que, no mínimo, quer fazer bonito igual”.
Fonte: Estudantes do 3º ano do curso de Jornalismo da UEL. Orientação: Patrícia Zanin (Rádio UEL).