Brasil: bom de pesquisa, ruim de inovação 05/08/2013 - 11:33

Com 2,8% da produção científica do mundo, o que coloca o Brasil na décima terceira posição entre os países com maior número de artigos científicos publicados, o registro de patentes brasileiras ainda é quase irrisório no cenário internacional, respondendo por 0,2% do total global.

O desafio que se apresenta é o de transformar o conhecimento adquirido em novas tecnologias, o que exige uma ampla reforma no sistema e na política educacional.

De todo o universo de pessoas que entram nas escolas no Brasil, apenas 12,2% concluem o ensino superior e 27%, o ensino médio. Apenas 0,2% concluem o mestrado e 0,1%, o doutorado.

As informações foram apresentadas pelo presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Mario Neto Borges, durante o painel “Formação de profissionais e a competitividade”, no 68º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), que ocorreu na semana passada, em Belo Horizonte.

O presidente da Fapemig apontou como maléfica a concentração da formação profissional em carreiras pouco ligadas à inovação.

São cerca de 40% das formaturas em três áreas de conhecimento: Administração, Pedagogia e Direito. As engenharias respondem por 4,2%.

“Nenhum país é desenvolvido com este percentual. Formamos em 2010 41 mil engenheiros. É pouco. A Coreia tem um quarto da população brasileira e forma 80 mil ao ano”, afirmou.

Empreendedorismo

A disseminação do empreendedorismo dentro das universidades é apontada como uma das ferramentas mais importantes para viabilizar a passagem do conhecimento para inovação.

“É isso que garantirá ao país agregar valor à pauta de exportações, mesmo sem deixar de ser um fornecedor global de matérias-primas”, afirmou.

Mario Neto dividiu o mundo em três para indicar a potencialidade do Brasil. Um grupo é formado por países com grandes extensões territoriais, onde estão os recursos naturais. Outro é formado por grandes populações, de onde virão as demandas. Um terceiro é integrado por economias ricas.

“Os Brics estão na interseção, pois têm todas essas características, com um diferencial positivo para o Brasil, que possui o chamado bônus populacional, com a maioria dos habitantes na faixa entre 25 e 60 anos, o que significa maior força de trabalho”, observou.

Investimento em ciência e tecnologia é de 1,1% do PIB

A responsabilidade pela falta de investimentos em ciência e tecnologia é dividida entre o governo e a iniciativa privada.

No Brasil, são aportados nesse segmento o equivalente a 1,13% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo 0,54% pelo setor privado e 0,59% pelo poder público. Na Coreia, por exemplo, essa relação é de 4% do PIB.

Uma das formas mais eficazes para mudar esse cenário é exatamente a parceria entre o poder público e a iniciativa privada.

Fonte: Jornal Hoje em Dia





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