Com apoio da Fundação Araucária, Rede de Agropesquisa lança livro sobre Manejo e Conservação de Solo e Água 22/08/2023 - 14:59

Os principais resultados alcançados pela Rede Paranaense de Agropesquisa e Formação Aplicada, Conservação de Solo e Água foram publicados no livro “Manejo e Conservação de Solo e Água”, lançado nesta terça-feira (22) no auditório do Sistema FAEP/SENAR-PR em Curitiba.

O livro é composto por nove capítulos escritos por 48 autores. As pesquisas realizadas pelos pesquisadores que fazem parte da Rede de Agropesquisa reunidas na obra receberam o recurso de R$ 12 milhões da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Fundação Araucária e do sistema Federação dos Agricultores do Paraná (FAEP) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-PR).

A obra descreve como a Rede de Agropesquisa foi formada no estado do Paraná e a evolução da conservação do solo e da água ao logo de cinco décadas. Também são descritos os critérios da escolha das áreas, as metodologias utilizadas e a geração do banco de dados hidrossedimentológicos por mesorregião.

“Esse detalhamento dado no livro permite que outras regiões do estado ou do Brasil possam replicar a mesma metodologia e comparar os seus resultados. Beneficiando assim toda a sociedade para que possamos conservar o solo e nossos rios” explica uma das editoras do livro e pesquisadora do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) Graziela Moraes de Césare Barbosa.

Durante a cerimônia de lançamento do livro o secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) Aldo Bona destacou que o papel das universidades é trabalhar a serviço da população. “Este é um grande exemplo daquilo que a gente vem buscando construir, sob orientação do nosso governador Ratinho Júnior, que é promover a efetiva conexão da academia com a iniciativa privada, com as demandas da sociedade para que a gente possa ter todos os ativos tecnológicos do estado dando as respostas para os gargalos e as dificuldades que o setor produtivo enfrenta”, enfatizou.

O presidente da Fundação Araucária Ramiro Wahrhaftig lembrou que o Paraná é o Estado que mais investe, proporcionalmente, no Sistema de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. “E nós temos que investir bem estes recursos, naquilo que a sociedade precisa. Como gestores públicos temos que fazer as escolhas mais assertivas dentro do que a sociedade acha necessário”, comentou.

Ao todo são citados no livro “Manejo e Conservação de Solo e Água” 35 projetos desenvolvidos por 21 instituições participantes como universidades estaduais, federais e particulares, cooperativas, institutos de pesquisa públicos e privados. São 105 pesquisadores envolvidos, 21 bolsistas de pós-doutorado, 21 doutorandos, 56 mestrandos, 115 bolsas de iniciação científica e 61 bolsistas de apoio técnico. O trabalho também tem o apoio científico dos pesquisadores Gustavo Merten da University of Minesota e Jean P. Gomes Minella da Universidade Federal de Santa Maria.

O presidente da FAEP, Ágide Meneguette, ressaltou que o trabalho da Rede de Agropesquisa vai muito além de um programa de governo gerando muitos benefícios para a sociedade. “Vemos em todas as atividades que quando se faz o preparo do solo adequado a produtividade é alta. A tecnologia desenvolvida neste tipo de trabalho conjunto já está gerando um ótimo resultado na questão de solo e uma das maiores riquezas que nós produtores podemos ter é o nosso solo produzindo adequadamente”, disse.

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, o livro tem um papel fundamental no momento que a produção de alimentos está passando. “O Sistema FAEP, a Seti e a Fundação Araucária somaram esforços para entregar os primeiros resultados desses estudos, que vão começar a calibrar nossas ações. Não abrimos mão de safra cheia, com o máximo resultado possível, mas fazendo as coisas do jeito certo”, destacou Ortigara.

Rede Paranaense de Agropesquisa - A Rede Paranaense de Agropesquisa e Formação Aplicada, Conservação de Solo e Água, foi criada em 2015 com o objetivo de aproveitar melhor os ativos intelectuais e estruturas de pesquisa do estado, para o desenvolvimento de pesquisas.

“O investimento em pesquisa é a forma mais inteligente e efetiva para orientar os produtores rurais na implantação de atividades de manejo de solo e água, que associem o aumento da produtividade por meio da adoção de práticas sustentáveis”, afirma o pesquisador Cleverson Andreoli, consultor científico do Serviço Nacional de aprendizagem Rural (SENAR-PR).

As pesquisas foram idealizadas parar fazer uma revisão de critérios para dimensionamento de estruturas físicas de conservação de solos e responder as demandas regionais relacionadas a conservação de solos.  

Metodologia - A metodologia adotada foi a mesma utilizada nos Estados Unidos, com a implantação de mega parcelas pareadas com e sem terraços, nas quais são coletadas a água de escorrimento, permitindo avaliar as perdas de solo, água e nutrientes, de forma comparativa. Além disso nas microbacias nas quais as megaparcelas foram implantadas, também foi instalada uma calha parshall, para medir as variações de vazões e as perdas de solo, determinada por um evento de chuva.  

De acordo com o doutor em Ciências do Solo e professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), André Pellegrini, os problemas com erosão hídrica vão além da propriedade dos agricultores e encarecem o tratamento de água nas estações e a geração de energia elétrica pelo assoreamento dos reservatórios. Ele explica que estes foram alguns dos motivos que desencadearam estes estudos vendo a importância da conservação dos solos para reduzir estes custos e minimizar os problemas.

“Essa é uma pesquisa de ponta no Brasil. Nos Estados Unidos existiram pesquisas semelhantes entre as décadas de 30 e 40 e até hoje eles usam os dados gerados neste período para dimensionar obras de terraceamento e de planejamento de escoamento urbano. Os solos no Brasil não são similares aos americanos e por isso precisamos deste investimento em pesquisa para planejarmos de maneira correta estas obras hidráulicas que são os terraços”, observa o pesquisador e um dos editores do livro.

Os dados levantados devem formar uma série histórica que permite o cálculo dos parâmetros hidrológicos a partir da modelagem dos dados por meio de modelos matemáticos próprios para o tratamento e modelagem  para as diferentes regiões do estado, o que vai orientar a definição de  critérios para dimensionamento de estruturas físicas de conservação do solo como terraços e canais escoadouros.

“A partir dos estudos são levantadas soluções para que o manejo utilizado pelo agricultor seja melhorado, com a técnica para maior economia para não perder o adubo mineral utilizado e formas de reduzir o impacto ambiental”, detalha a coordenadora da Rede de Agropesquisa Graziela Moraes de Césare Barbosa.

A primeira fase da pesquisa será concluída após sete anos de atividades em 2024, quando será publicado o segundo livro da rede.

Clique Aqui para ter acesso ao pdf do livro Manejo e Conservação de Solo e Água.