Com apoio de rede de pesquisadores startups usam energias renováveis para o desenvolvimento de produtos e serviços 15/08/2023 - 16:27

As startups paranaenses contarão com mais um incentivo do Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária, elas receberão apoio do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Energia Zero Carbono (EZC) para desenvolver práticas modernas de uso racional e exploração de energias inteligentes (renováveis).

Nesta primeira etapa participam quatro empresas de Maringá, uma de Londrina e uma de Guarapuava. A BRTech é uma empresa incubada na Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da UEL (INTUEL) que atua no desenvolvimento de novas baterias, recarregáveis e ambientalmente amigáveis com emissão de zero carbono desde a produção, utilização e posteriormente descarte e reciclagem.

“Estes recursos do NAPI promovem a melhoria das condições de pesquisa do laboratório que dá suporte ao desenvolvimento de tecnologia da BRTech para que ela aumente a sua maturidade tecnológica nos processos que vem desenvolvendo em reciclagem de baterias, principalmente, de íons de lítio que é o grande foco da empresa”, destaca Alexandre Urbano pesquisador da UEL e co-fundador da BRTech.

Ele comenta ainda que o NAPI proporciona construir estratégias para a inovação e o empreendedorismo. “É um caminho que está sendo aberto com muita chance de sucesso de alavancar esta conexão com o resultado da pesquisa básica, o desenvolvimento tecnológico e a geração de negócios, inovação e empreendedorismo. O NAPI vem para acelerar este processo com este viés forte de devolver para a economia paranaense novos negócios, a partir dos investimentos feitos na gente”, afirma.

Estão sendo investidos no NAPI Energia Zero Carbono cerca de R$ 2,3 milhões, pelo Governo do Estado. Integram o novo arranjo pesquisadores das universidades estaduais de Maringá (UEM), Londrina (UEL) e do Centro-Oeste (Unicentro), das federais do Paraná (UFPR) e Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), além do Instituto Federal do Paraná (IFPR).

A Smart Sensor Design, de Maringá, desenvolve produtos tecnológicos com o objetivo de reduzir o uso de recursos naturais e maximizar a produtividade. Um desses produtos é um medidor de consumo de energia em teste no Hemocentro do Hospital Universitário de Maringá. Segundo o fundador da empresa e pesquisador da UEM Sandro Rogério Lautenschlager, ele visa quantificar o consumo de energia de cada equipamento. Foi identificado, por exemplo, que geladeiras com a mesma especificação técnica instaladas no Hemocentro apresentam consumos diferentes de energia, sugerindo que há a necessidade de se fazer uma manutenção corretiva nesses equipamentos. Esse trabalho, segundo o pesquisador, também visa a certificação de sustentabilidade do Hemocentro.

Outra linha de atuação da Smart Sensor Design, também desenvolvida no âmbito do NAPI EZC, refere-se ao desenvolvimento de produtos voltados ao saneamento. “São produtos que nós desenvolvemos usando manufatura aditiva que visam melhorar a qualidade dos esgotos. Eles usam em sua composição óxido de grafeno e alguns tipos de plástico, por exemplo, e estamos vendo a possibilidade de fazê-lo reutilizando plásticos que são gerados na sociedade”, explica Sandro Lautenschlager.

São tecnologias que poderão, em breve, ser usadas pela população segundo o pesquisador. “Será possível acompanhar o consumo dos eletrodomésticos. Poderemos saber em breve quanto um equipamento eletrônico consome diariamente e não no final do mês na hora de pagar a conta. Outro benefício é a melhoria do tratamento de água para a população. Podemos ter água de melhor qualidade com um consumo energético racionalmente otimizado no tratamento desta água”, destaca.

Sandro Rogério Lautenschlager ressalta que participar do NAPI EZC é mais uma oportunidade de conseguir reter os talentos dentro das empresas inovadoras e de permitir que as Startups lancem novos produtos com tempo de desenvolvimento mais curto. “Isso gera mais perspectiva de venda e fluxo de caixa, além de mais perspectiva de investimentos e mais retorno em impostos para serem investidos em melhorias para a sociedade”, acrescenta.

A empresa LEISS, empresa de Maringá fundada em 2020 e apoiada pelo Programa Centelha, é voltada para soluções de tecnologias e bioengenharia dedicadas à área da saúde. Segundo o CEO da LEISS, Daniel de Matos Silva, o interesse em integrar o NAPI Energia Zero Carbono é, principalmente, para auxiliar a empresa na implementação de práticas que integrem a geração de valor considerando aspectos de sustentabilidade, sociais e de gerenciamento. “E nesse ponto o NAPI será extremamente importante para adotarmos na empresa conceitos de respeito ao meio ambiente, de impacto social e de governança, além de tornar nossos produtos energeticamente mais racionais e ambientalmente sustentáveis”, ressalta Daniel de Matos Silva.

O NAPI EZC viabilizará a integração entre o trabalho de pesquisa em energia zero carbono que já é realizado nas universidades com as empresas e indústrias, inserindo diretamente alunos nas empresas, principalmente as de base tecnológica. A afirmação é do consultor científico da Daoxi, Valdirlei Freitas, uma startup de Guarapuava do ramo de automação da oxigenoterapia.

“O NAPI possibilita nossa parceria com pesquisadores da Unicentro para o desenvolvimento de produtos tecnológicos energeticamente autossuficientes com tecnologia zero carbono. Essa iniciativa vai ao encontro de uma série de políticas públicas que têm como intuito a redução da emissão de gases poluentes, normalmente atrelados à produção de energia por combustíveis fósseis, e a redução dessas emissões beneficiará a sociedade como um todo em um futuro próximo”, observa o pesquisador.

A Daoxi surgiu de um projeto do Programa de Incentivo ao Empreendedorismo Sinapse da Inovação também da Fundação Araucária.

Outra startup apoiada pelo NAPI Energia Zero Carbono é a HSENSOR, de Maringá. A empresa desenvolve equipamentos eletrônicos que têm ligação com algum processo químico ou da área de desenvolvimento e pesquisa de materiais. “O NAPI EZC será muito útil para o desenvolvimento de equipamentos usados para pesquisa de materiais aplicados em captação de energia luminosa. Hoje já contamos com equipamentos adquiridos por cerca de 15 universidades”, coloca Eduardo Radovanovic sócio da HSENSOR.

A empresa desenvolveu o primeiro monitor para detecção de mau hálito, equipamento largamente utilizado em clínicas odontológicas. Também tem vários equipamentos para laboratórios de química, produção e análise de materiais poliméricos.

A empresa HSENSOR, iniciou em 2020 a partir da participação no Programa Centelha da Fundação Araucária que tem como objetivo estimular o empreendedorismo por meio de capacitações para o desenvolvimento de bens, serviços e processos inovadores.

O NAPI Energia Zero Carbono é um dos 57 Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPIs) em andamento ou em construção no Paraná.

Por Ticiane Barbosa