Conferência de Emergência Climática fortalece debates e pesquisas no Paraná 04/12/2024 - 11:20
O segundo dia da 1ª Conferência Paranaense de Emergência Climática, realizada em Foz do Iguaçu, trouxe discussões relevantes sobre os desafios impostos pelas mudanças climáticas no Paraná. Com programação diversificada, a manhã foi dedicada ao tema “Estado da Arte, Evidências no Paraná e Alertas", enquanto a tarde abordou os "Impactos na Biodiversidade e nas Bases Ecológicas do Território Paranaense”.
O evento, fruto das atividades do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) em Emergência Climática, com o apoio do Governo do Paraná, por meio das secretarias da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), do Desenvolvimento Sustentável (Sedest) e da Fundação Araucária, é resultado do trabalho conjunto de pesquisadores de universidades de todo o Estado. Entre os objetivos do NAPI está a proposição de estratégias que ajudem a mitigar e adaptar os impactos da emergência climática.
“A 1ª Conferência Paranaense de Emergência Climática é um marco, pois congrega esforços de pesquisadores de diversas universidades do Paraná. Hoje, podemos apresentar resultados consistentes sobre essa questão tão importante para a sociedade atualmente”, destacou Leila Limberger, professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e coordenadora institucional do NAPI.
Os painéis da manhã evidenciaram o impacto das mudanças climáticas, com análises sobre o aumento de temperaturas médias e a intensificação de eventos extremos. Tércio Ambrizzi, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), apontou que, no Paraná, as temperaturas estão subindo no geral, principalmente durante o inverno, que está mais quente e com menos chuva. "Por outro lado, as chuvas têm se tornado mais intensas e volumosas, alterando o padrão climático do passado”, disse.
Para responder a essa demanda, o Governo do Estado está ampliando a estrutura de monitoramento climático. Serão integrados ao Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) dois novos radares, 25 estações meteorológicas, sendo 10 meteorológicas automáticas e 15 hidrológicas telemétricas, e sistemas de informática atualizados. O investimento no projeto Monitora Paraná é de R$ 70 milhões, com recursos oriundos da compensação do acidente ambiental da Petrobras em 2000 em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba.
À tarde, os debates destacaram os impactos ecológicos dessas mudanças, com reflexões sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos no Paraná. Pedro Ivo Mioni Camarinha, especialista em Geodinâmica e Geologia de Desastres do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ressaltou a gravidade da situação. “Os eventos extremos já estão acontecendo. Não estamos mais falando de um problema futuro, mas de uma emergência climática presente. Se nada for feito, os impactos serão ainda mais devastadores em breve”, disse.
Nessa linha, o Paraná desenvolve um Plano Estadual para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (Plano ABC+ Paraná), com vistas ao desenvolvimento sustentável da agricultura, uma das principais atividades econômicas do Estado. O documento tem como base plano divulgado pelo Governo Federal, que estabelece desafios nacionais a serem vencidos até 2030.
Outro destaque foi a importância da educação como ferramenta para conscientização e ação. João Paulo Schultz, doutorando em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), destacou como o evento contribui para seu projeto de pesquisa. “Trabalho com estratégias de ensino para professores de Geografia abordarem as mudanças climáticas. Este evento fornece subsídios valiosos para diversificar as metodologias e engajar os alunos nesse tema emergente”, afirmou.
Com mais de 200 participantes presenciais e centenas acompanhando online, a conferência evidencia o interesse crescente do Governo do Estado e da sociedade civil em entender e enfrentar os desafios climáticos. “O evento superou nossas expectativas, inicialmente planejado como um workshop. Transformou-se em uma conferência ampla, possibilitando um debate mais inclusivo e enriquecedor”, comemorou Wilson Flávio Feltrim Roseghini, coordenador do Laboratório de Climatologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador vinculado ao NAPI.
Fonte: Unioeste