Diálogos pela Ciência: Rio recebe o 65º Fórum Nacional do Confap 27/09/2024 - 11:03
Capital com o maior número de instituições de ensino e pesquisa no País, o Rio de Janeiro reafirma sua vocação para a ciência ao sediar, nesta semana, o 65º Fórum Nacional do Confap – o Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs). O encontro, que segue até esta sexta-feira, 27 de setembro, reúne presidentes, diretores e representantes das 27 FAPs e entidades e agências federais e internacionais, que discutem a formulação de políticas públicas e estratégias de fomento à Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I). As atividades estão sendo realizadas na sede da Academia Nacional de Medicina (ANM) e no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). No último dia do evento, serão realizadas visitas técnicas à Rocinha (programa Favela Inteligente) e ao Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Na solenidade de abertura, que ocorreu na manhã de terça-feira, 24 de setembro, na Plenária da ANM, o presidente do Confap, Odir Dellagostin, destacou a importância da realização do fórum como espaço para alinhar políticas de fomento e promover o fortalecimento do Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (SNDCT), representado pelas ações de financiamento estadual das FAPs, somadas à atuação das agências federais de fomento à pesquisa. “O Brasil é marcado pela diversidade regional, e essa diversidade também se reflete na ciência. Temos níveis de desenvolvimento diferentes entre os estados, mas todos precisam de investimentos para fortalecer a Ciência, Tecnologia e Inovação. Apesar do esforço das FAPs não podemos prescindir do esforço das agências federais. Precisamos da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) fortalecidos e com capacidade de investimento, e as FAPs precisam aportar recursos segundo as especificidades de cada estado”, destacou.
O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em exercício, Luis Manuel Rebelo Fernandes, destacou a relevância do sistema estadual de fomento à pesquisa. “As FAPs têm papel fundamental para a estruturação do sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação. O sistema nacional depende da articulação estadual de atores e instituições que comandam a política de fomento em todas as unidades de federação. O Confap, que congrega as 27 FAPs do País, é estratégico nesse sentido. O sistema nacional deve às FAPs a sua própria sobrevivência nos últimos anos, quando a capacidade de financiamento público federal foi reduzida, pelo forte contingenciamento da principal fonte de recursos federal, o FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Com a recuperação integral da capacidade de financiamento do FNDCT e o compromisso do atual governo em respeitar a lei que proíbe qualquer contingenciamento ou bloqueio desse fundo, ampliamos a possibilidade de estreitar parcerias entre o governo federal e as FAPs”, apontou. Rebelo anunciou ainda que, em outubro, o MCTI fará o lançamento, aberto a parcerias com as FAPs, do edital Universal do CNPq e do edital dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs). Também será articulado o lançamento de edital voltado à infraestrutura para computação de alto desempenho, em consonância com o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial.
O presidente da FAPERJ, Jerson Lima, mencionou a importância do encontro para consolidar o diálogo entre as agências de fomento à C,T&I. “Vemos na ciência, mais do que nunca, a importância dos projetos colaborativos, como ocorreu na época da pesquisa do genoma e na pandemia. Destaco a importância do programa INCT (Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia), que congrega esforços federais e estaduais, mas também vejo a necessidade de apoiar o Pronex (Programa de Apoio a Núcleos de Excelência) e o equivalente deste programa para os jovens pesquisadores, o Pronem (Programa de Apoio a Núcleos Emergentes)”, sugeriu. Lima também destacou a importância da sinergia entre a FAPERJ e o Confap. “Nos últimos dez anos, fechamos muitas parcerias. Na área Internacional, podemos dizer que 70% das parcerias estabelecidas pela Fundação vieram através do Confap. Nenhum estado domina todas as áreas do conhecimento. É preciso, sim, unir as competências de todos”, destacou.
A diretora Científica da FAPERJ, Eliete Bouskela, médica e primeira mulher a ocupar a Presidência da ANM, deu as boas-vindas no histórico auditório da casa. “Somos no momento uma fraternidade de 93 homens e sete mulheres na Academia Nacional de Medicina, criada em 1829 por Pedro I para pensar a saúde no Brasil, que naquele momento ainda não tinha o Ministério da Saúde. Nesses 195 anos, muita coisa mudou, mas continuamos com diversidades e assimetrias nesse país. Cada solo precisa de um adubo diferente, e cada grupo de pessoas tem necessidades diferentes. Precisamos pensar nesse Brasil diverso e temos coisas urgentes para tratar. O financiamento vai continuar, e precisamos dessa certeza para nos aventurar em fazer pesquisas disruptivas, que quase nunca dão certo inicialmente. Precisamos incentivar a inovação e aproximar a academia das empresas”, refletiu Eliete.
Também participaram da mesa de abertura o diretor de Avaliação e presidente substituto da Capes, Antônio Gomes; o presidente da Finep, Celso Pansera; o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Álvaro Prata; a diretora de Cooperação Institucional, Internacional e Inovação do CNPq (DCOI), Dalila Andrade Oliveira; e o presidente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Júlio Castelo Branco.
Estiveram presentes na plateia diversos gestores, entre eles a representante da Reitoria da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Cleonice Alves Bento; a coordenadora-geral da Embrapa Seropédica, Cristhiane Graça Amancio; o diretor-geral do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) Fabio Borges de Oliveira; o presidente da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Raimundo Costa; o físico Luiz Davidovich, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); o adido científico da Embaixada da Itália no Brasil, Fábio Naro; o diretor científico do Instituto D’Or (IDOr), Sérgio Ferreira; a presidente do IDOR, Fernanda Moll; e o chefe de Gabinete da Finep, Fernando Peregrino, entre outras autoridades.Após a cerimônia de abertura, foi realizada uma apresentação sobre o Índice Brasileiro de Inovação e Desenvolvimento (IBID), indicador desenvolvido pela equipe de economistas do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O economista-chefe do INPI, Rodrigo Ventura, compartilhou dados sobre o novo índice, que considera as potencialidades e desafios regionais, comparando o desempenho anual das 27 unidades da Federação e identificando os líderes nacionais e regionais em inovação.
“O IBID foi lançado em agosto e é uma ferramenta que vem preencher uma lacuna sobre o cenário da inovação no Brasil. Agora somos o primeiro país na América Latina e no Caribe a ter um índice de inovação. O indicador, que vai de zero a dez, teve como modelo o Global Innovation Index (GII), ranking anual da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, que avalia a capacidade e o sucesso de países em inovar”, contou. De acordo com o IBID, o estado do Rio de Janeiro ficou no quarto lugar, em 2024, no ranking das economias mais inovadoras do País, atrás de São Paulo, Santa Catarina e Paraná.
Divulgação Científica e Cooperação Internacional
A importância da articulação de estratégias em Divulgação Científica foi o tema do Encontro dos Assessores de Comunicação das FAPs, realizado na manhã desta terça-feira, 25 de setembro. Em uma roda de conversas, assessores de Comunicação de 15 FAPs, do Confap e de diversos Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) sediados no Rio tiveram a oportunidade de trocar informações sobre seus planos de trabalho e de estabelecer networking com jornalistas da mídia, especializados na cobertura científica. Participaram da mesa-redonda a gerente de Comunicação do Instituto Serrapilheira, Clarice Cudischevitch; a jornalista Ana Lúcia Azevedo, do jornal Globo; e o editor-chefe e diretor-executivo do The Conversation Brasil, Daniel Stycer.
O presidente da FAPERJ prestigiou o encontro. “Nossas FAPs, incluindo a FAPERJ, consideram esse diálogo sobre a Comunicação extremamente relevante. Vivemos uma explosão do conhecimento científico. São dois milhões e meio de artigos publicados no mundo e, no Brasil, em torno de cem mil, por ano. É importante que a sociedade entre em contato com essa produção, com uma compreensão adequada, e que nossas fundações justifiquem à sociedade a aplicação correta dos recursos públicos destinados a projetos em Ciência, Tecnologia e Inovação”, disse Jerson Lima. A FAPERJ esteve representada pelo chefe do Núcleo de Difusão Científica e Tecnológica (NDCT), Paul Jürgens, e pela equipe da Comunicação (Aline Salgado, Cláudia Jurberg, Débora Motta, Jorge Mansur, Marcos Patricio, Marina Verjovsky e Paula Guatimosim).
A área Internacional esteve em destaque nos debates desta quinta-feira, 26 de setembro. Pela manhã, a coordenadora de Relações Internacionais e Institucionais da Fundação, Vania Paschoalin, participou do painel “Parcerias e oportunidades de cooperação internacional”, junto ao presidente do Confap e à ex-presidente do Conselho, Maria Zaira Turchi, que gerencia a área Internacional da Fundação Araucária. “Estamos retomando o lançamento de um programa de internacionalização importante, que é o Doutorado-Sanduíche clássico, com duração da mobilidade de seis a nove meses. O primeiro será o Doutorado Sanduíche Nota 10, com 20 bolsas. Também lançaremos bolsas de mobilidade de até três meses para a Europa e a China. Teremos o edital Américas, Oceania, Europa e, agora, o edital China”, resumiu Vania.
Houve ainda a assinatura do Primeiro Termo Aditivo ao Memorando de Entendimento entre o Confap e o DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico) e a assinatura do Memorando de Entendimento entre o Confap, Swissnex e Leading House for Latin American Region. À tarde, a assessora de Relações Internacionais da FAPERJ, Ana Beatriz Ramadas da Cruz, detalhou as ações de internacionalização da Fundação. Ela falou sobre as estratégias de lançamento do programa de bolsa para Doutorado-Sanduíche, voltado aos doutorandos do Programa Doutorado Nota 10 da FAPERJ, a ser executado durante o curso, composto de bolsa de mobilidade, adicional de deslocamento, auxílio instalação e seguro viagem. A FAPERJ também apoia, nos mesmos moldes, o conceito nota 4 na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Ana Beatriz também destacou o Programa de Mobilidade Internacional, que destina bolsas para apoiar o intercâmbio de pesquisadores fluminenses a instituições de ensino e pesquisa internacionais, assim como a vinda de pesquisadores estrangeiros para instituições de ensino e pesquisa localizadas no Estado do Rio de Janeiro, selecionados em chamadas públicas originadas através de parcerias internacionais.
Ana Beatriz falou sobre o novo edital, lançado pela FAPERJ este ano, voltado especificamente para intercâmbio com países da Ásia e Oceania, que obteve muito sucesso. Ela ressaltou a “valiosa parceria” da Fundação com a embaixada da França, por meio do Edital de Mobilidade Internacional FAPERJ/França, que já está em sua quinta edição. Ela também ressaltou o importante papel do edital Luiz Pinguelli Rosa de Apoio a Pesquisadores Originários de Regiões de Conflito, específico para apoiar pesquisadores refugiados, e que deverá ter sua segunda edição no primeiro semestre de 2025 e que deverá receber propostas recorrentes de cientistas que querem permanecer no Brasil.
Em seguida, Ana Beatriz listou os programas mantidos pela FAPERJ em parceria com o Confap, como o Mobility Italy, que terá mais uma edição para apoiar pesquisadores brasileiros de Pós-doutorado ou Doutorado Sanduíche nas instituições parceiras. Segundo Ana Beatriz, na parceria, o Confap lança a chamada e a Fundação publica as diretrizes no programa em seu site. Beatriz ainda falou sobre a nova edição do Maeci, lançado nesta segunda, 23 de setembro, uma parceria do Confap com o Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional da Itália, que apoiará até três projetos no valor de R$ 220 mil. A assessora adiantou que ainda este ano serão lançadas novas edições do Biodiversa (European Boidiversity Partnership) e a chamada Transnacional Conjunta Water4All. Outra novidade será uma nova forma de participação da FAPERJ no “Horizon Europe”, programa de pesquisa científica da União Europeia. Ela lembrou que em breve serão lançadas guidelines com as diretrizes e que o canal oficial de divulgação de editais da Fundação é o Boletim FAPERJ.
Acesse a cobertura completa do 65º Fórum Nacional do Confap no Canal da FAPERJ no YouTube: https://www.youtube.com/@FAPERJoficial
Assista ao vídeo-convite para a 65ª edição do Fórum Nacional do Confap aqui. Mais informações no site do Confap: https://news.confap.org.br/65o-forum-nacional-confap-rio-de-janeiro-rj-2024/
Fonte: Comunicação FAPERJ