Especialistas discutem sistemas de aceleração da agricultura celular no Brasil e na América Latina 09/07/2024 - 17:00

Teve início, nesta segunda-feira (8) e segue até quinta-feira (11), I Conferência Internacional da Associação Brasileira de Agricultura Celular e I Encontro do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Proteínas Alternativas. O evento acontece no câmpus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. O objetivo é reunir os principais atores envolvidos com a nova indústria de proteínas alternativas, em torno das discussões para a aceleração da agricultura celular no Brasil e na América Latina.  

“Esta Conferência vem como uma ampliação das metas do NAPI Proteínas Alternativas, que tem como objetivo fortalecer a agropecuária paranaense por meio da aceleração do desenvolvimento das proteínas alternativas em nosso Estado. Com a recente fundação da Associação Brasileira de Agricultura Celular, os esforços do NAPI ganham nova dimensão, amplia-se a rede de pesquisadores e atores da área de proteínas alternativas e também se expandem as possibilidades para além do estado do Paraná”, explicou a presidente da Associação Brasileira de Agricultura Celular e articuladora do NAPI Proteínas Alternativas, Carla Forte Molento.

No evento, com participação de pesquisadores de destaque nacional e internacional, será possível compreender a posição em que se encontram diversos países, nesta verdadeira corrida para estabelecer novos sistemas de produção de alimentos de origem animal e seus análogos.

“Nas décadas de 70 e 80 nós falávamos que o Paraná era o celeiro do mundo e hoje o Paraná já é o supermercado do mundo. Nós estamos agregando valor aos nossos produtos e a proteína alternativa é mais valor agregado ainda. O mercado de proteínas alternativas não compete com o de proteínas convencionais. É necessário e extraordinário nós trabalharmos com estes novos conceitos”, disse o presidente da Fundação Araucária Ramiro Wahrhaftig.

O diretor de ciência e tecnologia da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Marcos Pelegrina, ressaltou que o Paraná tem condições de ser o maior produtor mundial de proteínas alternativas.

“O Paraná lidera as pesquisas em proteínas alternativas no País, vamos ser o primeiro estado a produzir carne cultivada e isso nos orgulha muito. Somos o maior produtor de proteína animal do mundo e podemos ser o maior produtor de proteínas alternativas também. Porque temos competência e já há mercado para as proteínas alternativas”, afirmou o diretor da Seti.

Cerca de 150 pessoas devem participar da conferência que tem mais de 40 palestrantes e uma discussão avançada de alinhamento mundial em termos da organização das novas cadeias de produção de alimentos, com a visão das Associações de Agricultura Celular de seis países diferentes.

“A universidade, as instituições de pesquisa, precisam encontrar soluções inteligentes para resolver os problemas que tanto nossa sociedade precisa. Este é um momento de um grande avanço de tecnologias agrícolas e alimentares sustentável com a produção de proteínas alternativas. Podemos enfrentar grandes desafios como segurança alimentar, sustentabilidade, bem estar animal, por meio das proteínas alternativas”, comentou a vice-reitora da UFPR, Graciela Bolzon de Muniz.

O superintendente Federal da Agricultura e Pecuária do Estado do Paraná, Cleverson Freitas, afirmou que é preciso repensar as formas de consumo e produção de alimentos para superar a insegurança alimentar.

“O crescimento populacional global tem nos trazido muitos desafios, na forma como nós produzimos e consumimos alimentos e precisamos repensar a forma como nós consumimos e produzimos estes alimentos. Seja com a redução de desperdício, seja no reaproveitamento de alimentos, ou através de outros sistemas alimentares”, observou.

No primeiro dia de evento também foi inaugurado o Laboratório de Zootecnia Celular da UFPR, que também será local de atuação dos pesquisadores membros do NAPI Proteínas Alternativas. Entre os objetivos está o de fortalecer a indústria de alimentos do Paraná, uma das principais funções do setor de Ciências Agrárias da UFPR.

“Quem não aderir às pesquisas e à produção de proteínas alternativas, vai perder uma oportunidade que está surgindo para que a gente produza mais alimentos, para que exista mais segurança alimentar, menos doenças e maior bem-estar animal, com uma alimentação que pode ser saudável e tão nutritiva quanto os sistemas convencionais”, enfatizou a pesquisadora da UFPR e articuladora do NAPI Proteínas Alternativas, Carla Forte Molento.

Durante a programação desta terça-feira (9) foi apresentado o livro "Cultivated Meat - Technologies, Commercialization and Challenges", editado por pesquisadores membros do NAPI Proteínas Alternativas. O livro é uma coleção de 21 capítulos escritos por especialistas da área. Aborda aspectos fundamentais de novos sistemas alimentares, cultura de células animais e produção de carne cultivada, incluindo linhagens celulares, meios de cultura, controle de qualidade, aumento de escala e gerenciamento de resíduos. Além disso, são revisados ​​aspectos relacionados à comercialização, mercado, patentes, legislação, políticas globais e regionais e métricas de sustentabilidade, como avaliação do ciclo de vida, juntamente com uma análise da perspectiva da bioeconomia. Por fim, são apresentados estudos de caso e propostos os desafios e perspectivas futuras para a produção de carne cultivada.

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