FA firma parceria com a Fapesp no Fórum do Confap 28/08/2019 - 13:10

A Fapesp lançou quatro chamadas de propostas em parceria com Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) de Alagoas (Fapeal), do Amapá (Fapeap), da Paraíba (Fapesq) e do Distrito Federal (FAPDF), com o objetivo de criar oportunidades de colaboração, em diversas áreas do conhecimento, entre pesquisadores de São Paulo e das quatro Unidades da Federação. A  Fundação Araucária também firmou parceria com a Fapesp.

O anúncio foi feito na cerimônia de abertura do Fórum do Conselho da Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), em São Paulo, entre os dias 22 e 23 de agosto, que reuniu presidentes e representantes de FAPs de 23 estados do país. No mesmo evento, a Fapesp firmou acordos de cooperação bilateral com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Santa Catarina (Fapesc), que também resultarão em chamadas conjuntas de propostas.

Outras quatro chamadas serão anunciadas até o final de outubro: com a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa), com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) e com a Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná.

“A soma de esforços trará resultados significativos porque ampliará e qualificará a pesquisa. Essa oportunidade renova a esperança e o espírito de luta”, disse Evaldo Ferreira Vilela, presidente do Confap e da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).

“Estamos aqui para falar de oportunidades, para tratar do papel da ciência, do seu financiamento, de sua governança e da coordenação de interesses comuns. Não há desenvolvimento sem ciência e tecnologia”, disse Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp.

As colaborações entre grupos de pesquisadores de diferentes regiões do país contribuem de forma relevante para aumentar a visibilidade internacional das publicações científicas de todos os parceiros envolvidos, disse Zago, citando os resultados de pesquisa realizada pela Coordenação de Indicadores de CT&I e pela Gerência de Estudos e Indicadores da Fapesp, ainda não publicada. “O impacto normalizado das publicações é maior, assim como o impacto médio das publicações, e isso é um argumento forte a favor da cooperação estadual.”

“A colaboração entre as FAPs permite a formação de redes de pesquisas com equipes interestaduais, aumentando a visibilidade de resultados. Ninguém faz mais nada sozinho”, completou o presidente do Confap.

A parceria com o Confap já resultou em chamadas com a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). Nesta última chamada, encerrada no dia 15 de junho, foram recebidas 148 propostas, que agora se encontram em análise.

Novas formas de financiamento
Nas vésperas da abertura do Fórum do Confap (21/8), dirigentes de FAPs tinham se reunido com representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e de agências federais de fomento – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação para o Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Financiadora deInovação e Pesquisa (Finep). E as notícias não foram boas.

Julio Cesar Piffero de Siqueira, coordenador de Programas Especiais da Capes, falou sobre os cortes no orçamento. “Precisamos repensar acordos e pensar em um modelo novo de relação com as FAPs para 2020.”

Vilson Rosa de Almeida, diretor de Cooperação Institucional do CNPq, também afirmou que o órgão busca cobrir a falta de recursos que “acabam em outubro”. “O CNPq tem interesse em intensificar a colaboração com as FAPs, mas precisamos pensar em novas formas de financiamento”, afirmou, citando o exemplo de endowment funds.

Marcelo Nicolas Camargo, do Departamento de Fomento à Interação entre as Ciências Aplicadas e Inovação da Finep, apresentou resultados do programa Centelha de Estímulo ao Empreendedorismo – a criação de 588 startups em sete estados. “Mas a Finep tem problemas, sobretudo com o empenho. Alguns contratos tiveram de ser revistos”, reconheceu.

Retorno sobre investimento
“Em São Paulo, o governador João Doria e a secretária Patrícia Ellen não cogitam tirar um centavo de recursos da Fapesp, pois as lideranças sabem do papel da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento”, disse o subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Marcos Vinicius de Souza, presente à cerimônia de abertura do Fórum do Confap.

Esse reconhecimento, sublinhou, ficou claro quando, em junho, por ocasião do lançamento do programa Ciência para o Desenvolvimento na Fapesp, o governo mencionou que “a Fapesp não precisa do governo do Estado, o Estado é que precisa da Fapesp”. “Com essa frase, o governador colocou causa e efeito na discussão”, disse o subsecretário. (Leia mais sobre o programa Ciência para o Desenvolvimento em agencia.fapesp.br/30851).

Souza admite que áreas de fazenda e planejamento de governo têm de lidar com demandas concorrentes. “É preciso usar o argumento do retorno sobre o investimento (ROI), mostrando quanto a ciência e tecnologia podem gerar de resultados financeiros. E nós, evangelizados, não somos bons de marketing quando se trata de mostrar o ROI.” Como exemplo de comunicação bem-sucedida, mencionou o programa Ciência para Todos, realizado pela Fapesp em parceria com o Canal Futura da Fundação Roberto Marinho, lançado no dia 14 de agosto. “São 52 programas mostrando em linguagem comum como a ciência impacta o dia a dia das pessoas.” (Leia mais sobre o Ciência para Todos em agencia.fapesp.br/31224/).

Presente em uma mesa-redonda sobre o papel das FAPs para impulsionar a inovação e o empreendedorismo tecnológico, a secretária de desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo disse que é “importante os governos estaduais enfatizarem de uma forma muito clara a importância da pesquisa científica e da tecnologia”.

“A classe científica precisa ouvir isso [dos governos], ser respeitada. É um papel fundamental do Executivo estadual colocar isso de uma forma clara”, afirmou Ellen.

Visão estratégica do MCTIC


Júlio Semeghini Neto, secretário-executivo do MCTIC, apresentou à plateia a visão estratégica para a área de CT&I do ministério até 2022. Anunciou que o governo federal está reorganizando o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, cujo decreto será publicado em breve. Adiantou também a retomada do Programa Antártico Brasileiro e a Plataforma Nacional de Infraestrutura de Pesquisa para o período 2019-2021, com orçamento de R$ 5 milhões, por meio da qual se pretende levantar todos os equipamentos de pesquisa existentes no país.

Semeghini disse ainda que o governo federal está empenhado em desburocratizar o acesso ao patrimônio genético e apresentará, em breve, o marco legal de startups e empreendedorismo. E que “busca formas de retomar recursos dos fundos setoriais para o Programa Centelha”, de estímulo à criação de empresas inovadoras.

Desafios para a CT&I
Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da Fapesp, elencou os principais desafios para o avanço da ciência, tecnologia e inovação no país – superar uma performance econômica medíocre e a retração da indústria, inovação modesta, baixo protagonismo industrial etc. – e sugeriu uma nova agenda, que inclui um marco legal para startups, abertura de mercados e difusão de tecnologia, entre outros pontos.

Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, apresentou os programas oferecidos pela Fundação para apoiar a inovação e o empreendedorismo. “O Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) contabiliza mais de 2.310 contratos. A Fapesp está povoando São Paulo com empresas inovadoras que, além de inovação, geram empregos.”

 

Fundações estaduais de amparo à pesquisa querem qualificar participação em cooperação internacional

As fundações estaduais de amparo à pesquisa (FAPs) têm firmado nos últimos anos diversos acordos de cooperação internacional com o objetivo de aumentar o impacto e a visibilidade da ciência feita no Brasil, entre outros objetivos. Agora, pretendem qualificar a participação nesses acordos de modo que seja possível obter o máximo de benefícios gerados nessas colaborações.

O assunto foi discutido em um painel sobre cooperações internacionais e estratégias para o avanço do conhecimento científico, no dia 21 de agosto, antecedendo a abertura do Fórum do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), realizada nesta quinta-feira (22/08), na Fapesp.

“A cooperação internacional das FAPs avançou muito nos últimos anos. As possibilidades aumentaram tanto que precisamos agora elaborar uma política para orientar a participação em novos acordos, de modo a não só estimular a mobilidade, mas permitir que os pesquisadores brasileiros tenham protagonismo nos projetos em colaboração”, disse Evaldo Ferreira Vilela, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e do Confap, durante o encontro.

“Queremos que a cooperação internacional não seja um fim por si só, mas um meio de atingir os objetivos das FAPs no financiamento de projetos colaborativos de pesquisa”, afirmou.

Possibilitar que os pesquisadores brasileiros tenham protagonismo e liderança nos projetos é um dos objetivos da Fapesp nos acordos de colaboração internacional, destacou Marilda Solon Teixeira Bottesi, assessora para colaborações em pesquisa da Fundação.

Uma das estratégias que têm permitido atingir esse objetivo é a participação de pesquisadores brasileiros em grandes projetos de colaboração internacional, disse Bottesi. “Temos observado que, em decorrência da participação de pesquisadores brasileiros em grandes experimentos internacionais, por meio de projetos financiados pela Fapesp, tem sido possível colocá-los em posições de protagonismo e de governança”, afirmou.

Por meio de um projeto apoiado pela Fapesp, um grupo de pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) projetou e desenvolveu um chip, chamado de Sampa, que será instalado no sistema de detecção do ALICE (A Large Ion Collider Experiment), um dos quatro grandes experimentos do LHC (Large Hadron Collider), na Suíça.

Outro grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveu, também por meio de um projeto financiado pela Fapesp, o detector de luz Arapuca, que será instalado no Deep Underground Neutrino Experiment (Dune), nos Estados Unidos.

O Dune é um projeto internacional com o objetivo de descobrir novas propriedades dos neutrinos, partícula elementar com pouquíssima massa e que viaja a uma velocidade muito próxima à da luz. “Nesses projetos, a participação dos pesquisadores brasileiros é par a par com os estrangeiros. Eles não são meros membros de equipe, mas exercem liderança”, afirmou Bottesi.

Segundo ela, uma das estratégias usadas pela Fapesp para potencializar os resultados de acordos de cooperação é estimular mais os projetos de pesquisa em colaboração do que meramente a mobilidade. “A mobilidade pode ser uma ferramenta para chegar a ter projetos de pesquisa, mas nosso foco é financiar projetos de pesquisa conjuntos”, afirmou.

Outra estratégia empreendida nos últimos anos é aumentar o esforço para ampliar as colaborações com países asiáticos. “Estamos vendo que a Ásia cada vez mais ocupa uma parte relevante do sistema de ciência, tecnologia e inovação”, disse.

Novos acordos e editais
Durante o encontro, foi anunciado um novo acordo de cooperação internacional entre o Confap e a Itália. O acordo prevê o lançamento, em setembro, de uma chamada conjunta com as FAPs, que apoiará cinco projetos em cinco áreas prioritárias: espacial, materiais estratégicos, energias renováveis, agricultura e alimentos e agricultura de precisão.

“Cada projeto pode receber financiamento de até € 200 mil, sendo que metade desse valor será aportado pelo governo italiano e, a outra metade, pelas FAPs participantes”, explicou Elisa Natola, assessora de cooperação entre a União Europeia e o Brasil do Confap.

O acordo foi intermediado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil. A instituição possui um programa de promoção tecnológica e desenvolvimento de inovação, com participação de 30 embaixadas do país no exterior.

“À exceção da Fapesp, que tem uma atuação internacional com peso próprio, é muito importante que as outras FAPs apresentem o Confap como ponto de apoio na interlocução com outros países, na tentativa de estabelecer acordos de cooperação internacional. Foi isso que permitiu o acordo com a Itália”, disse Achilles Emilio Zaluar Neto, diretor do departamento de promoção tecnológica do Ministério das Relações Exteriores.

No evento, também foi apresentada uma nova chamada de propostas do Newton Fund Impact Scheme, aberta até 13 de setembro. O objetivo da chamada é apoiar projetos já realizados ou em andamento, financiados pelo Fundo Newton, que possam iniciar ou aumentar os impactos em políticas públicas ou elevar o engajamento com multiplicadores de impacto, como startups, ONGs ou instituições do terceiro setor. Os projetos terão duração de 24 meses e poderão receber até £200 mil. Participam da chamada 10 FAPs, entre elas a Fapesp.

“As propostas precisam se basear no projeto original, já realizado ou em andamento, financiado pelo Fundo Newton. Mas a ideia é que não seja uma continuidade dele e sim uma base a partir da qual o pesquisador vai criar um novo projeto que atenda uma das duas linhas”, explicou Vera Oliveira, gerente de Educação Superior e Ciências do Conselho Britânico.

Ainda durante o evento, Diêgo Lôbo, gerente de comunicações da Global Health Strategies – organização que representa a Fundação Bill & Melinda Gates na América Latina –, anunciou que será lançada, ainda este ano, uma nova chamada de propostas do programa Grand Challenge Exploration (GCE), na área de ciência de dados em saúde materna e infantil.

Serão apoiados 10 projetos que usem ferramentas de computação para análise e visualização de dados e gerem informações que possam ser usadas na avaliação de políticas públicas ou para a criação de programas voltados à melhoria da saúde de crianças e mulheres. “A parceria com as FAPs é muito importante, pois sem elas não seria possível ter capilaridade para atrair projetos de pesquisadores de todo o país”, avaliou Lôbo.

 

Fonte: Agência Fapesp.

GALERIA DE IMAGENS