Fundação Araucária investe R$ 4 milhões em projetos da iniciativa Amazônia +10 17/12/2024 - 15:17

Quatro dos vinte e dois projetos aprovados no edital Expedições Científicas da Iniciativa Amazônia+10 contam com pesquisadores paranaenses. Ao todo, serão investidos pelas 19 Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) R$76 milhões, destes, R$ 4 milhões serão destinados pela Fundação Araucária.

“O Paraná abraçou a iniciativa desde o início e temos um grupo expressivo de pesquisadores paranaenses que, conjuntamente com pesquisadores da Amazônia, podem contribuir muito para o desenvolvimento desta região. A Iniciativa Amazônia +10 é realmente uma iniciativa excepcional”, afirma o presidente da Fundação Araucária Ramiro Wahrhaftig.

Os projetos vão mobilizar 85 grupos de pesquisadores vinculados às FAPs participantes, além das agências estrangeiras UK Research and Innovation (UKRI), do Reino Unido, e Swiss National Science Foundation (SNSF), da Suiça. Entre os estudos está o do Patrimônio Material e Imaterial dos Povos Ancestrais, Indígenas e Tradicionais e seus Conhecimentos Associados, Etnografias de Roraima, realizado pela pesquisadora Ananda Machado da Universidade Federal de Roraima (UFRR) por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Roraima em parceria com o professor Luís Augusto Veiga, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) por meio da Fundação Araucária.

“Esses inventários constituem uma importante ferramenta para a gestão e proteção do patrimônio arqueológico de uma região. Vamos utilizar tecnologias inovadoras, como a modelagem 3D e os story maps, buscando preservar e divulgar o rico patrimônio cultural desses povos para o mundo. Além disso, o projeto contribui para a valorização da diversidade cultural brasileira e para o desenvolvimento de novas metodologias de pesquisa em arqueologia e geotecnologias”, explica Veiga.

Para os pesquisadores paranaenses, a participação neste edital é uma importante oportunidade de trabalhar no bioma da Amazônia com suas caracterizas particulares o que cria novos desafios e motiva a buscar novas soluções. O projeto está vinculado ao Laboratório de Geodésia Aplicada à Engenharia do Departamento de Geomática do Setor de Ciências da Terra da UFPR. Sobre o impacto no avanço científico do Paraná, o professor ressalta que o estudo reflete na melhoria de infraestrutura de pesquisa e na formação mais plural de pesquisadores.

“A geração de novas ideias que podem ser aplicadas em diferentes setores voltados para a conservação, preservação e socialização de informações do nosso rico patrimônio cultural e histórico, material ou imaterial. Ao unir diferentes áreas do conhecimento, os pesquisadores conseguem analisar um problema sob diversos ângulos, identificando novas conexões e abordagens que seriam impossíveis de serem encontradas por um único especialista”, relatou Luís Veiga.

Outro grupo de pesquisadores vai realizar expedições para desbravamento da biodiversidade na Amazônia utilizando genômica e proteômica na caracterização taxonômica molecular e no biomonitoramento da contaminação mercurial. O pesquisador Ângelo Parise Pinto da UFPR, juntamente com pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Federal do Pará, pretende identificar possíveis biomarcadores moleculares para compreender os efeitos da exposição ao mercúrio, que pode ser usado no biomonitoramento do dano mercurial em regiões remotas da Amazônia. Serão investigadas oito comunidades na Reserva Extrativista Arapiuns-Tapajós, no Pará.

“Considero de grande relevância poder contribuir com o conhecimento da biodiversidade vivente em especial de organismos que são foco de meu grupo de pesquisa, os insetos da ordem Odonata conhecidos como libélulas e, ao mesmo tempo, investigar mecanismos que poderão auxiliar na mitigação de impactos danosos das ações da exploração de minérios na maior floresta tropical do mundo, ações poluidoras e contaminantes que têm alarmado a sociedade”, ressalta o professor Ângelo.

Ele explica que participar do projeto da Iniciativa Amazônia + 10 também contribui com o enriquecimento do acervo científico da Coleção Entomológica Padre Jesus Santiago Moure (UFPR). Os acervos científicos com material biológico da UFPR integram a Rede Paranaense de Coleções Biológicas TaxOnline, rede financiada pela Fundação Araucária como um dos Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação, e detentora do segundo maior acervo de insetos do país com mais de sete milhões de exemplares depositados no acervo da Coleção Entomológica.

A incorporação de dados primários do material testemunho das expedições tanto no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) sediado na Amazônia como no acervo da UFPR, serão integrados a plataformas digitais sobre a biodiversidade com acesso aberto à sociedade em geral, com a incorporação ao Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SIBBr).

“A participação na Iniciativa Amazônia +10 traz maior visibilidade à pesquisa entomológica produzida na UFPR, além de contribuir com a formação de recursos humanos altamente capacitados junto ao Programa de Pós-Graduação em Entomologia e ao curso de Ciências Biológicas da UFPR”, conta o professor do professor adjunto do Departamento de Zoologia da UFPR.

Também conta com pesquisadores paranaenses o estudo “Fomentando o Empoderamento Comunitário para a Sustentabilidade da Sociobiodiversidade Amazônica: Experiências nos Vales do Guaporé (RO) e Jari (AP)” realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá, da Universidade Federal de São Carlos e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Além do projeto “Diversidade de flebotomíneos e de espécies de Leishmania em áreas da Reserva Biológica do Gurupi para prevenção e controle das leishmanioses na Amazônia Maranhense, que tem a participação de pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e da Universidade Federal do Paraná.

A lista de todos os projetos aprovados está disponível em www.amazoniamaisdez.org.br .