Governo do Estado investe quase R$ 5 milhões em projetos de pesquisa para tecnologia assistiva 30/06/2023 - 15:36

O Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária e da Secretaria da Ciência Tecnologia e Ensino Superior (Seti), lançou nesta quarta-feira (28) o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (Napi) Tecnologia Assistiva. Serão investidos no desenvolvimento de projetos de pesquisa e produtos e serviços voltados à tecnologia para o atendimento de pessoas com deficiências e/ou limitações R$ 4.957.940,00. O período do Napi é de quatro anos.

“Essa promoção de acesso à tecnologia assistiva de forma que o paciente que necessita desta tecnologia possa obtê-la de forma mais rápida é fundamental para o sucesso do tratamento pois atualmente o acesso é muito demorado e tem um alto custo”, explicou a pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e articuladora do Napi Maria Lúcia Ribeiro Okimoto.

No tratamento de uma criança com um problema como o pé torto congênito, por exemplo, há necessidade do uso de órteses (peça ou aparelho de correção ou complementação de membros ou órgãos do corpo), que precisam ser trocadas periodicamente de acordo com a evolução do tratamento. O acesso ao aparelho pode ser demorado pelo INSS e o custo de cada um pode chegar a R$ 600. Realidade que pode ser transformada por meio do trabalho desenvolvido pela rede de pesquisadores que fazem novo arranjo de pesquisa e inovação.

Um exemplo é o projeto de extensão da UFPR desenvolvido em parceria com o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, no qual estas órteses são desenvolvidas pelas universidades com o uso de impressora 3 D e são doadas às crianças com esta necessidade. “Pelo INSS estes aparelhos podem demorar até um ano para chegar ao paciente, quando esta criança já cresceu e não serve mais. Já por meio do trabalho das instituições esta criança tem acesso muito mais rápido e a fabricação tem menor custo. O custo desta mesma órtese fica em torno de R$ 6 a R$ 8”, ressalta a pesquisadora.

Entre os principais objetivos do Napi está o fomento à organização, integração e coordenação de ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação associadas à Tecnologia Assistiva e a formação da Rede Paranaense de Inovação em Tecnologia Assistiva.

“Nós temos neste Napi um grupo de pesquisadores de diversas áreas, alguns com trinta anos de pesquisa, trabalhando com foco no cidadão. Este é um projeto social que surge de uma demanda das pessoas com deficiência, pessoas idosas, enfim esta parcela da população que precisa do trabalho deste capital intelectual”, justificou Quelen Coden articuladora do Napi e diretora da Secretaria de Desenvolvimento Social e Família.

O diretor superintendente do Complexo Hospitalar do Trabalhador, Geci Labres de Souza Junior, lembrou que a fila das pessoas que necessitam de tecnologia assistiva é bastante grande e que as tecnologias servem para aprimorar as ferramentas que os profissionais usarão além do fato de reduzir os custos. “Nós temos no Hospital de Reabilitação pessoas que a vida trás dificuldades e que precisam de uma prótese, ou alguma tecnologia para voltar a viver melhor, o trabalho do hospital é ver a necessidade e tentar buscar a tecnologia que atenda aquela necessidade. Iniciativas como este Napi vão permitir que os pacientes sejam beneficiados de uma forma mais econômica e dentro da realidade customizada à sua necessidade”, disse o diretor.

“Acho uma atitude do Governo do Estado associada às universidades, instituições do terceiro setor que agrega valor. Estou muito feliz em ver este olhar por aqueles que necessitam”, completou.

Política Pública - O Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação Tecnologia Assistiva busca, também, subsidiar a organização de dados para a elaboração de políticas públicas voltadas para a implementação de ações de Tecnologia Assistiva. “Este é um Napi muito importante e foi um dos primeiros a ser sonhado e pensado. Já temos mais de cinquenta novos arranjos de pesquisa em concepção, em implantação ou em execução. É uma política pública que deu certo”, disse o presidente da Fundação Araucária Ramiro Wahrhaftig.

Iniciativa da Fundação Araucária, os Napis têm o objetivo de conduzir a produção de conhecimento de forma colaborativa pelos pesquisadores paranaenses e de outras regiões, incitados por demandas prioritárias de desenvolvimento de setores estratégicos para o Estado.

“A proposta dos Napis é uma solução inteligente e tem todo o nosso apoio. Ao invés de nós continuarmos financiando iniciativas isoladas concentrarmos os recursos no esforço coletivo. A ideia não é a pesquisa pela pesquisa, por si só, mas a pesquisa que possa ser convertida em um benefício para a sociedade”, enfatizou o secretário da Seti Aldo Bona.

O diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa, explicou que um dos grandes desafios dos Napis é o foco na pesquisa aplicada e ao movimento de inovação. “No Napi Tecnologia Assistiva os pesquisadores nos procuraram com várias iniciativas de inovação para atender a sociedade. A maior parte dos recursos investidos neste novo arranjo é destinada ao pagamento de bolsas de pesquisa ficando em mais de R$ 3 milhões”, disse o diretor.

Espera-se por meio do Napi Tecnologia Assistiva (TA) desenvolver pesquisa, inovação e empreendedorismo em tecnologia assistiva; capacitar recursos humanos em TA; promover a cadeia produtiva em TA; regulamentar, certificar e registrar tecnologia assistiva e promover o acesso à tecnologia assistiva por parte da população paranaense.

“Parabenizo a todos por esta iniciativa. Temos cérebros brilhantes envolvidos neste trabalho e que vão dar melhores condições de vida para esta parcela da população em que muitos ficam confinados em casa por falta de acessibilidade. Daqui sairão resultados brilhantes e que ajudarão a contribuir um mundo muito melhor”, afirmou o secretário do Desenvolvimento Social e Família Rogério Carboni.

Inicialmente, integram o novo arranjo de pesquisa a Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Instituto Federal do Paraná (IFPR), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a Secretaria do Desenvolvimento Social e Família e o Hospital do Trabalhador.