Governo do Paraná investe R$ 2 milhões em projetos de pesquisadoras que tiveram ou estão em tratamento de câncer de mama 31/10/2023 - 20:40

O Governo do Paraná, por meio da Fundação Araucária e da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, lançou nesta terça-feira (31), a chamada pública referente ao Programa de Pesquisa Básica e Aplicada – edição Outubro Rosa. O edital, que tem um investimento de R$ 2 milhões, foi anunciado durante o evento promovido pela primeira-dama Luciana Saito Massa, voltado ao Outubro Rosa e que reuniu cerca de 700 servidoras do Estado, no Palácio Iguaçu.

“Este programa é muito importante para as pesquisadoras e para todas as mulheres. Este momento delicado não afeta apenas a vida pessoal mas também a profissional e, a partir destas pesquisas, podem ser desenvolvidas novas políticas públicas contribuindo para o avanço do nosso Estado”, destacou a primeira-dama.

O principal objetivo desta chamada é o de apoiar o desenvolvimento da investigação científica por pesquisadoras que foram diagnosticadas com câncer de mama, estimulando a produção científica, tecnológica e de inovação, por meio da concessão de apoio financeiro para a execução de projetos de pesquisa às cientistas vinculadas às Instituições de Ciência, Tecnologia e de Inovação do Paraná.

“Esta iniciativa é um grande reconhecimento às dificuldades que estas pesquisadoras têm em função da doença e em cumprir com seus requisitos acadêmicos e de pesquisa. Principalmente, considerando que as condições destas pesquisadoras não são as mesmas de um pesquisador ou pesquisadora com plenas condições de saúde”, ressaltou o presidente da Fundação Araucária Ramiro Wahrhaftig.

O prazo para submissão eletrônica das propostas é até o dia 30 de novembro e o resultado final será publicado a partir do dia 19 de fevereiro de 2024.

A gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Araucária e também responsável pela criação do edital, Fátima Padoan, foi diagnosticada com câncer de mama em 2016 e considera a iniciativa um apoio essencial na vida destas mulheres.

“Foi muito difícil, uma vez que a preocupação com a saúde, a agressividade do tratamento e questões psicológicas são muito desgastantes e, especificamente no caso das mulheres pesquisadoras, este período ocasiona uma interrupção na sua produção acadêmica. Então, ao ser lançado esse edital destinado às mulheres que assim como eu enfrentam ou enfrentaram essa situação, são reconhecidas as dificuldades e também acontece uma busca para reverter este impacto na produção acadêmica especificamente para este grupo”, observou Fátima Padoan.

Segundo o secretário da Seti, Aldo Bona, a iniciativa é inédita. “Não existe no País nenhuma iniciativa como esta de reconhecimento de que a doença afeta a vida das pessoas mas elas continuam em condições de contribuir com o desenvolvimento da ciência e da humanidade”, disse o secretário.

A ideia do programa surgiu a partir de uma conversa do secretário com a professora da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Kátia Kalko Schwarz, que também teve câncer de mama. “Essa iniciativa vem acolher essa camada de cientistas que acaba tendo que se afastar de suas pesquisas para se dedicar ao tratamento do câncer de mama”, afirmou Kátia.

Ela disse ainda que, com a criação do edital, as cientistas passam a se sentir estimuladas, incluídas e capazes de continuar produzindo diversos trabalhos em suas áreas. “É uma chamada pública que respeita o tempo e particularidades das mulheres que tiveram ou têm o câncer de mama, e também oportuniza a essas pesquisadoras igualar suas produções científicas com outros colegas de profissão, pois precisam parar com seus estudos por um período. Isso tudo nos fortalece e nos auxilia até mesmo no tratamento contra essa doença”, relatou.

O diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa, enfatizou que trata-se de um esforço complementar de investimento em pesquisa básica e aplicada, voltado a um tema extremamente crítico e bastante importante. “Também potencializa o trabalho das nossas pesquisadoras e pesquisadores no avanço de soluções que possam mitigar ou até mesmo eliminar essa grande questão de saúde pública. Portanto, é uma contribuição do Sistema de Ciência e Tecnologia do Paraná para que novas pesquisas evoluam neste sentido”, comentou o diretor.

A Chamada Pública do Programa de Pesquisa Básica e Aplicada – edição Outubro Rosa está disponível no site da Fundação Araucária www.fappr.pr.gov.br em Programas/Programas Abertos.

O diagnóstico e a pesquisa – A professora da Universidade Estadual do Norte do Paraná, Priscila Caroza Frasson Costa, teve câncer de mama em 2011. Com apenas 31 anos de idade, embora o diagnóstico tenha sido precoce, precisou fazer um tratamento muito intenso. “A importância desses editais que trazem à tona essa situação com olhar direcionado para o câncer de mama, especialmente lançado no mês de outubro, valoriza pesquisadoras que tenham enfrentado essa situação, que abala tanto no ponto de vista pessoal como no profissional. Essa iniciativa  só traz contribuições positivas e motiva as cientistas a seguirem em suas  trajetórias acadêmicas”, destacou a pesquisadora.

A professora da Universidade Estadual de Londrina, Sueli Rufini, que enfrenta a doença pela segunda vez, afirma que o diagnóstico e tratamento do câncer de mama transformam a vida da mulher. “Traz insegurança, medo do desconhecido e, literalmente, muda a sua perspectiva de vida. As certezas, o desafio que novas atividades anunciam para pessoas sadias podem concretizar o medo de não ser mais incluída ou não valorizada por sua competência profissional para pacientes oncológicas”, conta a pesquisadora.

“Por isso, a oportunidade de participar de um espaço de pesquisa científica, planejado para a inclusão de pessoas que tenham ou que tiveram a doença pode permitir o retorno à vida acadêmica como pesquisadoras para muitas mulheres. Ser incluída em um grupo que conhece as potencialidades e limitações de uma paciente oncológica pode ser transformador. Fico muito satisfeita com a notícia da abertura de um edital como esse e feliz por perceber que há pessoas que são sensíveis e empáticas com a situação de mulheres com câncer”, comemorou Sueli Rufini.