Iniciativa Amazônia+10 e CNPq anunciam nova chamada para apoiar expedições científicas na região 28/09/2023 - 20:11

As Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs) de 19 Estados brasileiros e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) disponibilizarão R$ 59,2 milhões para financiar expedições científicas multidisciplinares na região da Amazônia por um período de até 36 meses. O Governo do Paraná, por meio da Agência Araucária, está investindo R$ 4 milhões no programa para apoiar a participação de pesquisadores paranaenses.

A chamada de propostas, anunciada nesta quinta-feira (28) no , é a segunda da Iniciativa Amazônia+10, liderada pelo Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo a Pesquisas (Confap) e pelo Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência Tecnologia e Inovação (Consecti), e que conta também com a parceria do CNPq.

“O Paraná abraçou a iniciativa desde o início e temos um grupo expressivo de pesquisadores paranaenses que, conjuntamente com pesquisadores da Amazônia, podem contribuir muito para o desenvolvimento desta região. A Iniciativa Amazônia +10 é realmente uma iniciativa excepcional”, afirma o presidente da Agência Araucária Ramiro Wahrhaftig.

O anúncio do programa aconteceu durante o Fórum Nacional Consecti & Confap, em Santarém (PA), que teve a participação do secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná(Seti), Aldo Bona. Ele destacou a participação dos pesquisadores paranaenses. “A Amazônia é um patrimônio nacional de interesse mundial. De modo que ter pesquisadores paranaenses envolvidos em estudos e pesquisas sobre aquela biodiversidade é fundamental para contribuir com toda a política pública voltada à Amazônia Legal”, disse.

Neste edital, as expedições científicas devem ter foco na ampliação do conhecimento acerca da sociobiodiversidade e biodiversidade amazônica, prevendo a coleta de dados, de espécimes biológicos e minerais, de peças integrantes da cultura nativa e popular (presente e passada), sempre se atendo a um ou mais dos eixos prioritários descritos na chamada a ser lançada nos próximos dias.

O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, ressalta que a preservação da Floresta Amazônica e o desenvolvimento de sua economia de uma forma sustentável, não predatória, depende fortemente do conhecimento científico da região. “O Programa Iniciativa Amazônia+10 visa viabilizar recursos para projetos científicos na região, articulando grupos de pesquisa que combinam pesquisadores locais e de outros Estados. O CNPq orgulha-se em participar dessa iniciativa, que certamente trará grandes benefícios científicos e tecnológicos para a região”, finalizou o presidente.

O presidente do Consecti, Silvio Bulhões, lembrou que esta é uma ação inédita de conjunção das FAPs para um único programa. “Isso é algo que demonstra a importância do que está se tentando resolver, das soluções que estão se tentando criar. O Consecti tem a intenção de participar de maneira mais ativa e mais presente de todas as tomadas de decisão”, disse.

Dalila Andrade Oliveira, da Diretoria de Cooperação Institucional, Internacional e Inovação (DCOI), do CNPq, complementou: "Desta vez estamos buscando uma participação maior na Iniciativa Amazônia+10. Temos construído essa chamada junto com as FAPs, Confap e Consecti. E com ela queremos manifestar a sensibilidade do CNPq para essa agenda tão importante que hoje inclui a questão amazônica."

Ações necessárias - Embora a Amazônia seja uma das maiores e mais intactas florestas do mundo, ela é também uma das menos conhecidas em termos biológicos. Seu tamanho imenso, sua diversidade e seus acessos limitados fazem com que a tarefa de documentar sua biodiversidade seja extremamente desafiadora.

Segundo artigo publicado em julho na revista Current Biology, pelo projeto Synergize, 40% das áreas da Amazônia estão sendo negligenciadas por pesquisas em ecologia. E um dos motivos dessa distribuição desigual é justamente o alto custo para realizar estudos na região. Por isso, foi estabelecido que o valor mínimo de cada proposta contemplada nesta chamada será de R$ 400 mil.

Além da questão espacial, também existem vieses taxonômicos nas pesquisas realizadas até o momento. A maioria dos dados disponíveis é para plantas ou aves. Grupos como borboletas, por exemplo, têm muito menos informações à disposição e grupos enormemente diversos, como fungos e bactérias, são praticamente desconhecidos. A intenção é que a chamada ajude a superar esses gaps. Além disso, o material coletado será catalogado e tombado em instituições amazônicas, como forma de preservação desse patrimônio.

Os projetos submetidos à avaliação devem contar com pesquisadores responsáveis de pelo menos dois dos 19 Estados cujas FAPs aderiram à chamada, sendo que um deles deve obrigatoriamente estar vinculado a instituições com sede nos Estados da Amazônia Legal. O edital também prevê ainda a inclusão na equipe de pesquisa de pelo menos um integrante PIQCT (Povos indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais), detentor do conhecimento tradicional relacionado ao território que será estudado.

"Nós demos um passo importante com essa iniciativa. Muitas vezes, a Amazônia Legal recebia pesquisadores de outros Estados, de outros países e, muitas vezes, os próprios pesquisadores da região não participavam dos projetos – ou atuavam apenas como coadjuvantes. E houve um avanço nesse sentido com o primeiro edital e agora neste. Isso significa um trabalho de parceria, de pesquisa colaborativa, que leva em consideração o que os amazônidas pensam e o que têm", disse Márcia Perales, diretora-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

Segundo Allan Kardec, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Mato Grosso, a construção conjunta das ações da iniciativa faz toda a diferença no resultado final. "Nós tivemos a oportunidade de acompanhar a preparação dessa chamada, de fazer o debate, de colocar a nossa opinião e trazer nossa equipe técnica para entender o edital. Pudemos dar o nosso olhar e colocar a semente do regionalismo. Estamos muito felizes com a proposta."

"Este projeto nasceu como fruto de uma discussão ampla, de uma iniciativa de muitas mãos e responde um pouco sobre a importância do protagonismo da região, de atender às necessidades da região e enxergar as particularidades locais", disse Marcel do Nascimento Botelho, diretor-presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA).

Dos R$ 59.250.000,00 previstos nesta chamada, R$ 30 milhões serão alocados pelo CNPq exclusivamente para pesquisadores com vínculo formal com alguma instituição localizada em um dos Estados da Amazônia Legal (Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso).

"A participação igualitária do CNPq vai cumprir algo que desejamos desde o começo do desenho desta iniciativa: que todo recurso de terceiros que fosse mobilizado fosse aplicado na região Norte do país. O papel que o CNPq está cumprindo nesta chamada, com um aporte de um para um em relação ao que as FAPs da Amazônia Legal estão aportando, é excepcional, porque vai permitir financiar na região um volume expressivo de bolsistas e pesquisadores", disse Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP.

Instituições nacionais e internacionais podem se somar à Chamada de Expedições Científicas até o dia 30/10. Em breve, a chamada será disponibilizada com todos os detalhes e prazos para submissão de propostas.

Sobre a Iniciativa Amazônia+10

A Iniciativa Amazônia+10 apoia projetos de pesquisa em colaboração voltados à conservação da biodiversidade e adaptação às mudanças climáticas, à proteção de populações e comunidades tradicionais, aos desafios urbanos e à bioeconomia como política de desenvolvimento econômico na região. Na primeira chamada de propostas, lançada em junho de 2022, foram selecionados 39 projetos de pesquisa na região.

Os estudos apoiados no âmbito da iniciativa devem avançar o conhecimento científico sobre a Amazônia e, conjuntamente com atores relevantes para as formulações de políticas públicas, atrair investimentos públicos e privados de forma a promover o bem-estar das populações da região de forma consistente e a longo prazo.

Saiba mais sobre a Inciativa Amazônia+10 em: https://www.amazoniamaisdez.org.br

Fonte:  Assessorias de Comunicação da Agência Araucária e da Inciativa Amazônia+10