Mulheres na Ciência: Conquistas, desafios e exemplo para as meninas cientistas 10/02/2025 - 18:01
Ano a ano as mulheres vêm conquistando seu espaço na sociedade e na ciência não é diferente. No Paraná, dos 25.374 doutores 10.859 são mulheres de acordo com dados da Plataforma Lattes. Neste 11 de fevereiro comemora-se o Dia das Meninas e Mulheres na Ciência, data para lembrar que mulheres e meninas desempenham um papel essencial na ciência e tecnologia.
Na Fundação Araucária esta participação vem sendo fortalecida. Dos 502 convênios firmados, em 2024, com as instituições de ciência e tecnologia, 220 são coordenados por mulheres.
“As mulheres têm conquistado ano a ano um maior espaço em todas as áreas da sociedade, inclusive, na ciência. Mas precisamos motivar as meninas e jovens para a iniciação científica para que tenhamos mais mulheres na ciência. É necessário buscar a presença e a igualdade de gênero nos diversos campos científicos. Nós como governo estamos desenvolvendo ações neste sentido, seja em programas como o de Empoderamento das Mulheres, Outubro Rosa e agora nos Clubes de Ciência”, ressaltou o presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig.
Segundo dados do estudo Brasil: Mestres e Doutores 2024, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, as mulheres são maioria entre os mestres e doutores titulados no Brasil. Em 2021, a participação feminina chegou a 56,8% dos títulos de mestre concedidos e 55,6% dos doutores, maiores registros da série, que iniciou em 1996.
Elas estão conquistando seu espaço superando desafios, sem desistir de seus objetivos. Em 23 anos como pesquisadora, a professora do Departamento de Ciências Morfológicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Ana Paula Vidotti, observa que são muitas as conquistas, mas ainda há espaços em que a mulher não é tão valorizada quanto o homem.
“Nós somos cobradas duplamente, muito mais do que os homens, mas o nosso movimento está cada vez melhor e maior e mostrando hoje que existem vários locais onde as mulheres são a maioria. Faz muita diferença ser mulher, estar nesta posição e poder ser exemplo”, destaca a pesquisadora.
“Poder ser uma facilitadora para outras mulheres, não só as mulheres mas, para que sejamos incentivo e inspiração de um modo geral. Eu fico muito satisfeita quando vejo meus ex-alunos sendo meus colegas de profissão na docência e na pesquisa”, completa Ana Paula.
E o exemplo das mulheres na ciência vem sendo seguido pelas meninas que descobriram o gosto pela ciência por meio dos Clubes de Ciência. É o caso da estudante do Colégio Estadual Barbosa Ferraz, na cidade de Andirá, Laritieli Ribeiro da Silva.
“É incrível ver como as pessoas se impressionam com o meu trabalho, assim como eu também me inspiro em tantos outros projetos científicos. A ciência é maravilhosa e nos permite explorar o mundo e viver experiências novas a cada dia. O clube de ciências não mudou somente o meu dia a dia como também meu ponto de vista sobre o meu futuro”, conta a estudante.
Em seis meses, 200 clubes foram criados em 31 Núcleos Regionais de Educação do Paraná, envolvendo cerca de seis mil alunos da rede básica de ensino. Iniciativa da Fundação Araucária, por meio do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) - Paraná Faz Ciência, os clubes buscam oferecer a crianças e adolescentes um novo olhar sobre o mundo que os cerca, trazendo-os para o universo da ciência.
“Desde que eu mergulhei no mundo científico sinto como se fosse uma exploradora desvendando os mistérios do mundo. Antes eu via a ciência apenas como uma matéria escolar e agora percebo que ela está presente em todos os aspectos da minha vida. O Clube me ensinou a questionar, a investigar e buscar soluções”, afirma a estudante Estefani Gomes do Colégio Estadual Cívico Militar Marquês de Caravelas, em Arapongas.
A dupla e, muitas vezes, tripla jornada das mulheres também é um desafio comum para muitas pesquisadoras. Pesquisadora há 17 anos, a professora do Departamento de Química da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Leila Freire, comenta entre as dificuldades a de precisar mostrar sua competência como pesquisadora a todo momento.
“Esse equilíbrio na carreira com as questões externas, como a rotina em casa e com os filhos, é sempre mais pesado para a mulher. Eu sempre fui muito respeitada no meu espaço de trabalho, mas tem uma questão que é muito presente que é a todo tempo precisar ficar mostrando a competência que nós temos”, diz.
Para as meninas da ciência, a pesquisadora reforça a importância de que a iniciantes na ciência ocupem todos os espaços da sociedade. “Vão e ocupem o seu espaço, precisamos que a mulher esteja presente em todos os espaços da sociedade. Se você tem vontade de estar neste espaço vá e se não tem não vá. Não se sinta obrigada a nada”, finaliza Leila Freire.
Assim como a jovem Emanueli de Ré, do Clube de Ciências do Colégio Estadual Desembargador Antônio Franco Ferreira da Costa, da cidade de Guaraniaçu, que também deixa um conselho para outras meninas.
“Não deixe que ninguém diga que você não é capaz de fazer o que você quer, de realizar o seu sonho. E se envolva na ciência, o Brasil precisa de mais mulheres na ciência. Fazer parte do Clube de Ciências é uma experiência incrível. Me sinto mais confiante para exercer a minha futura profissão de bióloga”, afirma Stéfani Gomes.
O Dia Internacional da Menina e Mulher na Ciência foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, com o objetivo de chamar atenção para a necessidade de mais equidade de gênero na ciência, além de encorajar meninas e mulheres a seguirem carreiras nesse campo.
Por Ticiane Barbosa