Mulheres na ciência: pesquisadoras que buscam melhorias para outras mulheres 11/02/2025 - 06:28
Uma das principais ações da Fundação Araucária são os Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPIs) que já somam 38. Todos eles contam com a participação de 1.137 integrantes dos quais 481 são mulheres pesquisadoras. Algumas em áreas em que os homens predominam, como o NAPI Fenômenos Extremos do Universo, coordenado pela professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e física Rita de Cássia dos Anjos.
“Nos últimos anos temos observando o aumento do número de mulheres em posição de liderança científica, inclusive na minha área de Astrofísica de Altas Energias. No entanto, há muito a ser realizado como a busca por ambientes mais inclusivos onde o amor pela ciência é muito maior do que os diversos preconceitos que existem na sociedade. O NAPI é um exemplo disso por ser uma colaboração científica onde o gênero não define os limites, mas sim, o compromisso com o conhecimento”, destaca Rita de Cássia.
Há muitas pesquisas também direcionadas às mulheres que são realizadas por pesquisadoras dos NAPIs como o que estuda “Crimes contra a mulher: desenvolvimento de kits para identificação de marcadores forenses em fluidos biológicos”, coordenado pela professora da Universidade Estadual de Maringá e integrante do NAPI Segurança Pública e Ciências Forenses, Fernanda Andreia Rosa.
Ela comenta que o crime de agressão sexual contra a mulher é uma grave violação dos direitos humanos. A pesquisadora afirma que a comprovação desse tipo de crime é um processo complexo que envolve tanto evidências materiais quanto provas testemunhais e psicológicas. Visando contribuir de forma técnica para a responsabilização do agressor e para a justiça da vítima, o projeto busca o desenvolvimento de um kit de teste colorimétrico, que possa ser facilmente realizado na cena do crime, fornecendo evidências materiais para a comprovação do crime de agressão sexual.
“Nosso objetivo é identificar a presença de sêmen em vestígios forenses de forma rápida e acessível, por meio da mudança de coloração do material utilizado no teste”, explica Fernanda Rosa.
Ao refletir sobre os desafios a serem superados ainda pelas mulheres e o tema do projeto que é a violência sexual, a pesquisadora ressalta que há muito a avançar. “Percebo que ambos estão enraizados na desigualdade de gênero presente em nossa sociedade. Isso reforça a importância da união e da colaboração entre mulheres. Precisamos de mulheres que trabalhem em prol de outras mulheres. O nosso trabalho vai além da ciência”, destaca a coordenadora do projeto.
Ainda na área da segurança pública voltado às mulheres, a pesquisadora da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Andressa Galli, desenvolve projetos voltados para a área de química forense, com inovação tecnológica para detecção de drogas de abuso, como o “boa noite Cinderela”, usando sensores eletroquímicos e colorimétricos.
“Trabalhamos no desenvolvimento de ferramentas analíticas mais precisas, confiáveis e inovadoras, que auxiliam na identificação de substâncias ilícitas, resíduos químicos e evidências criminais, contribuindo para maior eficiência das forças policiais e órgãos de segurança pública”, destaca a pesquisadora.
Andressa Galli ressaltou, ainda, que projetos como os que ela atua reforçam a presença feminina na ciência, além de promover impactos diretos na sociedade. “Trabalhar em um campo tão relevante como a segurança pública e as ciências forenses é um constante lembrete de que a ciência feita por mulheres tem o poder de transformar realidades, quebrar barreiras e inspirar novas gerações.”
“É gratificante saber que nossas ações e pesquisas podem não apenas abrir caminhos para outras mulheres na ciência, mas também contribuir para uma sociedade mais justa, segura e igualitária”, completa Andressa.
No Sudoeste e no Litoral do Paraná, as ações desenvolvidas pelas pesquisadoras do NAPI Alimento e Território têm transformado a vida de muitas mulheres. Entre os muitos projetos desenvolvidos está o que realiza a distribuição e o acompanhamento de sementes e mudas orgânicas para famílias agricultoras. Em outras ações são incentivados valores agroecológicos e potencializada a participação de mulheres agricultoras em cooperativas da região Sudoeste.
“Mais de quatro toneladas de alimentos agroecológicos colhidos, resultantes do plantio das sementes e mudas distribuídas pelo NAPI que impactaram, diretamente, 72 mulheres e meninas de famílias agricultoras, além dos consumidores destes alimentos”, explica a pesquisadora Melissa Salinas Ruiz da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).
No Litoral do Paraná, o NAPI Alimento e Território conta com a presença massiva das mulheres das comunidades de atuação nas ações voltadas à reestruturação de duas cozinhas comunitárias e uma agroindústria familiar, garantindo a continuidade das práticas agroecológicas, a valorização dos saberes-fazeres tradicionais e a promoção de um desenvolvimento local sustentável. Além disso, elas também lideram as atividades com foco no fortalecimento das associações comunitárias.
“As contribuições das mulheres envolvidas no projeto, promovem a sustentabilidade e a soberania alimentar. As mulheres da equipe e das comunidades de atuação, contribuem ativamente para o avanço social e científico do projeto e dos territórios”, ressalta a pesquisadora Jéssica Puhl Croda da UFPR Litoral.
Dia 11 de fevereiro é o Dia das Meninas e Mulheres na Ciência. Data não apenas para homenageá-las mas, também, para motivar mais meninas a seguirem o caminho da transformação do mundo por meio da ciência.
Por Ticiane Barbosa