Pesquisadores debatem ações desenvolvidas nos NAPIs em benefício da sociedade 07/11/2023 - 19:47

Em quatro anos de existência os Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPIs) já tiveram o investimento de mais de R$ 100 milhões. Até sexta-feira (10) as iniciativas e os resultados já alcançados por 38 dos 62 NAPIs existentes serão apresentados na II Semana Geral dos NAPIs que acontece na Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Na manhã desta terça-feira (7) foram apresentados o Programa Genomas Paraná, os NAPIs Genômica: Indicadores de vulnerabilidade + monitoramento genômico ambiental, Tecnologia Assitiva e Manna Academy. Durante a tarde foram  os NAPIs Saúde Pública de Precisão, Bioinformática – Fio Cruz, Fenômenos Extremos do Universo, Energia Zero Carbono e NAPI Space.

Com três anos de existência o arranjo de pesquisa e inovação Genômica conta com mais de 200 pesquisadores de treze instituições. Entre as principais ações estão o Programa Genomas Paraná, o projeto “Vigilância Genômica do SARS-CoV-2 no Paraná” e o “Monitoramento Genômico Ambiental das variantes do SARS-CoV-2 circulantes no Brasil”.

Em sua apresentação o articulador do NAPI Genômica e responsável pelo Instituto para Pesquisa do Câncer de Guarapuava (IPEC) professor David Livingstone Figueiredo, destacou ainda que a grande entrega que se pretende fazer à sociedade é a construção de um grande biobanco e o uso de técnicas de Inteligência Artificial, para identificar biomarcadores de predisposição genética para doenças crônicas não transmissíveis.

Lembrou os benefícios que o programa Genomas Paraná trará à sociedade ao traçar as características da população paranaense, levando em consideração a saúde, o ambiente em que se vive, o estilo de vida, o histórico familiar e o perfil genético de cada pessoa. “Trabalhamos com a medicina de precisão que é uma abordagem emergente para prevenção e tratamento de doenças embasadas em informações individualizadas sobre dados genéticos, genômicos, clínicos, ambiente e estilo de vida de cada pessoa. A aplicação desta medicina personalizada, preditiva, preventiva e Participativa trará grandes benefícios ao desenvolvimento de tratamento mais adequado das doenças crônicas não transmissíveis”, reforça o professor David Livingstone Figueiredo.

Muitas ações iniciais do NAPI Genômica foram relacionadas à Covid-19, pois era a grande demanda no momento. Em sua apresentação, a diretora do Centro de Ciências da Saúde da UEL, Andréa Name Colado Simão, relatou o processo do trabalho que envolveu a caracterização da população, a vigilância genômica, o monitoramento ambiental e o projeto Covid que estuda a possibilidade de ter prognósticos diferentes da doença a partir da individualidade genética das pessoas.

“Desenvolvemos um protocolo técnico/científico para monitoramento de agentes infecciosos além do SARS-CoV-2 que pode ser usado pelos gestores públicos de saúde no controle e prevenção através da antecipação de epidemias e pandemias”, analisa a pesquisadora.

Saúde Pública de Precisão - Ainda em implantação, o Napi Saúde Pública de Precisão busca sequenciar, analisar e estudar o genoma e o exoma completo de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) empregando o conceito de Saúde Pública de Precisão. Para isso, será usada a infraestrutura do Centro de Saúde Pública de Precisão, uma iniciativa da Fiocruz Paraná, do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).

“Na medicina de precisão, informações genéticas são relacionadas com características fenotípicas para determinar o diagnóstico de um paciente e, quando possível, direcionar o tratamento dele”, explica o articulador do NAPI e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Fábio Passetti.

Ele ressaltou as parcerias com outros NAPIs como o Bioinformática e o Genômica. “Estes arranjos serão fundamentais para a realização de nossos projetos. Buscamos ampliar o acesso dos usuários do SUS às tecnologias de vanguarda em sequenciamento genômico, propiciando o diagnóstico precoce e contribuindo para um tratamento assertivo, reduzindo gastos com judicialização e otimizando os recursos em benefício da população paranaense”, desta Passetti.

Bioinformática Fiocruz - Com a contribuição de mais de cem pesquisadores e mais de 40 instituições de ensino nacionais e internacionais, o NAPI Bioinformática Fiocruz tem como foco a Inteligência Artificial em dados biológicos para o desenvolvimento de métodos científicos e tecnológicos a serem aplicados desde o agronegócio até a saúde, além de buscar a excelência na formação de recursos humanos em nível de pós-graduação e promover parceria entre academia e indústria.

“Já são mais de 30 produtos científicos e tecnológicos desenvolvidos. Na divulgação científica temos muitos artigos científicos publicados, softwares desenvolvidos com integração de dados e banco de dados. Entre os impactos que tivemos são muitos na área de educação seja a integração de pesquisas, seja na formação de recursos humanos de alto impacto. Criamos um mapa de bioinformática que apresenta quem são os stakeholders”, citou o professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Alexandre Paschoal.

Um dos projetos desenvolvidos pelo Napi é uma análise de genomas de peixes nativos brasileiros. O objetivo, além de explorar os dados genéticos, é fazer uma comparação com tilápias infectadas e, assim, pensar futuros produtos tecnológicos para combater doenças. Outro foco é buscar entender melhor a genética dos peixes para produção comercial.

NAPI MANNA Academy - O NAPI MANNA espera fazer do Paraná um protagonista em soluções de hardware e software de alta qualidade e contribuir para que o estado seja um celeiro de inovações. “Desta forma estaremos respondendo às demandas por produtos de alta tecnologia, formando talentos e fazendo parcerias com startups, empresas, terceiro setor e outros pesquisadores das mais variadas áreas do saber”, observou a professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Linnyer Beatrys Ruiz Aylon.

O Manna realiza a geração de produtos para os mercados e também a capacitação de professores e estudantes para serem mentores e tutores que promovem ações de conhecer, experimentar e vivenciar tecnologia. Além disso, o NAPI tem mais de 100 artefatos que são usados em Escolas Públicas, Universidades, Museus e demais ambientes em mais de 12 estados do Brasil.

“Queremos ter o surgimento de uma nova geração de pesquisadores, mestres e doutores, profissionais e empreendedores altamente qualificados, incluídos digitalmente, comprometidos com a ética, com a sustentabilidade, com valores, pessoas felizes que possam realmente fazer a diferença na sociedade”, destaca.

O Manna Academy é uma das iniciativas de difusão do MannaTeam, a maior teia de pesquisa, extensão e inovação em Internet das Coisas (IoT) do Paraná e uma das maiores do Brasil, que há mais de 20 anos, desenvolve inovação e tecnologia. “Conquistamos este nível não só por usarmos a tecnologia para gerar produtos para os mercados, mas também porque a gente promove o letramento digital, a inclusão digital, o ensino de tecnologias, o estímulo para promover essa nova geração de profissionais em computação e engenharia”, explica Linnyer.

Energia Zero Carbono – Em fase de implantação o NAPI Energia Zero Carbono (EZC) contribuirá com avanços no desenvolvimento de materiais com propriedades físicas e químicas otimizadas para utilização em nanogeradores, nanoconversores e armazenamento de energia, além da otimização de processos para a obtenção desses materiais. Tecnologicamente, o NAPI atuará no desenvolvimento de dispositivos coletores e armazenadores de energia zero-carbono e na sua integração a tecnologias emergentes como internet das coisas, equipamentos vestíveis e sensores autoalimentados.

“Para isso, e visando o empreendedorismo acadêmico, atuaremos em parceria com indústrias e startups já estabelecidas além de fomentar o surgimento de novas startups focadas na coleta e aplicação de energia zero-carbono. Assim, o NAPI EZC poderá contribuir tanto com a agregação de valor ao produto industrial paranaense quanto com o estabelecimento de um polo de indústria 4.0 no estado, com forte base tecnológica e focada em sustentabilidade”, enfatizou o professor do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Ivair Aparecido dos Santos.

O NAPI EZC também contribuirá com a popularização dos conceitos de energia zero-carbono no meio empresarial e entre a população em geral, além de formar recursos humanos altamente qualificados para a adoção e promoção de soluções tecnológicas EZC.

“Priorizamos a consultoria e imersão em empreendimentos inovadores do Paraná, atendemos seis startups paranaenses. Também realizamos visitas técnicas a empresas consolidadas e nascentes (startups) para apresentar a proposta NAPI EZC”, conta o pesquisador.

Napi Space – O Napi Space está em processo de construção em uma parceria entre as universidades e a Agência Espacial Brasileira. O novo arranjo é voltado para serviços, produtos, aplicações e conectividade na área espacial. “Neste início das ações vamos focar no Agro e na saúde. São inúmeras possibilidades como o uso de nanossatélites para desenvolver produtos que vão gerar inovação, melhorar a vida das pessoas”, comenta a articuladora do Napi Space e assessora de relações institucionais da Fundação Araucária Cristianne Cordeiro.

O primeiro projeto do Napi é o primeiro o curso de empreendedorismo espacial do Brasil. “Com esta iniciativa queremos gerar um movimento e um público que entenda o que é a área espacial. Muito além do que gerar satélite que é o que chamamos de new space que tem uma possibilidade muito maior de gerar inovação e que a pesquisa faça a diferença na sociedade”, explica Cristianne Cordeiro.

Tecnologia Assistiva – O Napi Tecnologia Assistiva tem o objetivo de constituir a Rede Paranaense de Inovação em Tecnologia Assistiva e de fomentar a organização, integração e coordenação de ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação associadas à Tecnologia Assistiva. “Queremos subsidiar a organização de dados para a elaboração de políticas públicas voltadas para a implementação de ações de Tecnologia Assistiva, além de desenvolver metodologias, produtos e serviços em Tecnologia Assistiva para atender pessoas com deficiências e/ou limitações”, ressalta  o professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) Percy Nohama.

Entre as principais entregas para a sociedade está o Projeto verão, Acessibilidade na praia que envolve ações com a Prefeitura Municipal de Prudentópolis com tecnologia digital para projeto Condomínio do Idoso. Também o projeto praia acessível e desenvolvimento de Tecnologia Assistiva – Cadeira Anfíbia. Outras ações importantes são o guia para o desenvolvimento de etiquetas de vestuário inteligentes e o desenvolvimento para auxílio na produção de próteses faciais.

Fenômenos Extremos do Universo – Além da busca pela inovação e desenvolvimento de instrumentos voltados à pesquisa astronômica e espacial, o Napi tem trabalhado em descobertas nas áreas de astrofísica, cosmologia e gravitação. É responsável pela participação brasileira no maior observatório de radiação gama em construção no mundo. Também tem avançado no fortalecimento da internacionalização das instituições paranaenses na área de astronomia.

“O NAPI tem contribuído para a formação de recursos humanos, no fortalecimento de ações de extensão na área da astronomia inclusiva com 250 participantes de cursos e 500 de atividades de extensão e workshops, além do fortalecimento e visibilidade dos pesquisadores e dos programas de pós-graduação do Paraná na área no estado e fora”, relata a pesquisadora da Universidade Federal do Paraná e articuladora do Napi Rita de Cássia dos Anjos.

Todas as apresentações da Semana Geral dos NAPIs estão sendo transmitidas pelo canal da Fundação Araucária no YouTube.

Mostra dos NAPIs – Durante a Paraná Faz Ciência 18 dos Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPIs) estarão sendo apresentados nos estandes que fazem parte da programação da Semana Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, das 8h às 18h no Centro de Ciências Biológicas - CCB.