Pesquisadores e poder público unem-se pela conservação do Lagamar 09/10/2013 - 15:34

A Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do país com cerca de 8% da sua cobertura original, segundo o anuário 2013 da SOS Mata Atlântica. Apesar disso, é nesse bioma que está localizado em um dos maiores berçários de vida marinha do planeta, o Lagamar, entre os litorais paranaense e do sul de São Paulo. Essa região é de extrema importância para a conservação da grande biodiversidade do bioma, que abriga mais 22 mil espécies de fauna e flora e no qual vivem cerca de 120 milhões de pessoas, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Para gerar um momento de troca de experiências entre pesquisadores e gestores de Unidades de Conservação (UCs) do Lagamar, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza promove, entre 10 e 11 de outubro, o II Workshop Bio&Clima-Lagamar. “O principal objetivo do workshop é oferecer subsídios das pesquisas científicas que apoiamos para que o poder público possa elaborar diretrizes para a gestão do Mosaico de Unidades de Conservação do Lagamar, com ênfase na adaptação às mudanças climáticas”, afirma a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes.

Durante o evento serão apresentados os resultados das nove pesquisas apoiadas pelo Edital Bio&Clima-Lagamar. Essa linha de apoio foi lançada em 2011, pela Fundação Grupo Boticário, para financiar pesquisas sobre vulnerabilidade e adaptação de espécies e de ecossistemas, em relação a diferentes cenários climáticos na região do Mosaico de Áreas Protegidas do Lagamar. As pesquisas selecionadas estão em andamento e fornecem importantes subsídios para a gestão de unidades de conservação da região.

O Lagamar possui número expressivo de áreas protegidas estabelecidas, entre públicas e privadas. A portaria MMA N°150, de 08 de Maio de 2006, criou o Mosaico de Áreas Protegidas do Lagamar com 31 unidades de conservação, sendo 11 federais, 17 estaduais e três municipais.

Integração para a conservação

Karen Cope, diretora da Secretaria de Mudanças Climáticas do MMA participará do workshop como palestrante com o tema ’Esforços governamentais relativos à elaboração do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas‘ e ressalta o caráter integrador do evento. “Para mim o grande benefício é, a partir desse encontro, estabelecer o diálogo e abrir canais de comunicação para receber sugestões e discutir experiências que podem ser colocadas em prática pelo governo”, destaca Karen. 

Além de representantes do poder público, participarão do evento gestores de Unidades de Conservação do Lagamar, instituições de ensino e pesquisa com atuação na região e responsáveis técnicos dos projetos apoiados pelo Edital Bio&Clima-Lagamar, alguns dos quais apresentarão as iniciativas que desenvolvem a partir dessa linha de apoio.

Proteção de aves estuarinas

Um desses projetos que será apresentado analisa a vulnerabilidade das aves estuarinas às mudanças climáticas, no litoral do Paraná, sendo realizado pelo Instituto Mater Natura. De acordo com o responsável técnico pelo projeto, Marcos Ricardo Bornschein, existem dois grupos de aves na região: as que procriam e as migratórias, sendo que ambas podem ser afetadas pelas mudanças climáticas. “No caso das migratórias, as rotas e as datas que elas chegam e saem da região podem ser desequilibradas pelas modificações do clima. Já no caso das reprodutivas, essas mudanças podem modificar ou acabar com o ambiente que elas precisam para procriar, com vendavais, degradação de ninhos, cheias ou secas, alterando assim as populações das espécies que ficam impossibilitadas de reproduzir”, explica.

Uma dessas aves é o bicudinho-do-brejo (Stymphalornis acutirostris), descoberto no litoral do Paraná pela pesquisadora Bianca Reinert, em 1998. A espécie está em perigo de extinção, integrando a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção, da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Fonte: NQM