Presidente da Finep pensa em programa voltado para inovação no setor científico 29/07/2013 - 08:50

O presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Glauco Arbix, defendeu, na semana passada, a criação de um programa para estimular a inovação no setor científico. Batizado por ele como Inova Ciência, o programa buscaria, em uma década, alçar o Brasil como potência em diversas fronteiras do conhecimento.

“A minha proposta é criar uma iniciativa semelhante ao Inova Empresa capaz de despertar o interesse de cientistas brasileiros e do exterior, ao oferecer recursos capazes de construir grandes e novos centros de pesquisa. O objetivo é  gerar as condições necessárias para uma gama de alunos e pesquisadores fazer a ciência e tecnologia que o País necessita”, relatou o presidente da Finep durante conferência na 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC).

A inspiração do programa surgiu a partir de uma iniciativa desenvolvida na Alemanha durante o período de pós-segunda guerra. O plano teve como meta desenvolver o progresso da economia local a partir da inovação da área científica. Após 15 anos de execução da medida, 14 cientistas do país europeu foram contemplados com o prêmios Nobel.

Para implementar o programa, Arbix propõe um montante de R$ 10 bilhões, a serem aplicados em cinco anos. Os recursos seriam concentrados em áreas estratégicas para o governo como biotecnologia, inteligência artificial, nanotecnologia e aeroespacial.

As formas de financiamento seriam as mesmas do Plano Inova Empresa. As instituições científicas teriam à disposição instrumentos de apoio como crédito a juros baixos, subvenção não reembolsável.

Para o presidente do Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), Sergio Gargioni, a ideia é boa e factível se analisado o montante. O dirigente, no entanto, fez críticas às formas de custeio. “Dos R$ 32,9 bilhões do Inova Empresa, mais de R$ 20,9 bilhões é com retorno, isso é péssimo para quem investe em produtos com risco tecnológico. É necessário ter mais dinheiro provido de recursos não reembolsáveis”, explica.

Gargioni relata que a intenção de mudar a cultura do setor passa primeiro por uma reestruturação nas leis vigentes. Segundo ele, atualmente o pesquisador sofre com processos burocráticos. “Acho interessante trazer pesquisadores de fora, mas é necessário que eles tenham as mesmas condições de trabalho que possuem atualmente. Não adianta ele vir aqui e sofrer com os mesmos problemas que sofremos, como por exemplo, a dificuldade com a compra de equipamentos”, pondera.

Fonte: Agência Gestão CT&I