Programa incentiva permanência de jovens doutores no Paraná 25/08/2023 - 14:13

Com o objetivo de criar condições favoráveis para que jovens com doutorado possam prosseguir com suas atividades de pesquisa junto a grupos e redes de reconhecida excelência no estado do Paraná e de contribuir para a retenção dessa mão de obra extremamente qualificada em Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) e empresas paranaenses em áreas consideradas estratégicas para o Governo do Estado, uma parceria entre a Fundação Araucária e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) está investindo R$ 12 milhões por meio do Programa Institucional de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no financiamento de projetos desenvolvidos em várias regiões do estado.

Jovens como a Paola Sanches Cella, de 28 anos, bolsista do pós-doutorado em Ciências da Saúde da Universidade Estadual de Londrina, podem continuar contribuindo para o avanço da ciência no Paraná. “Graças a esta bolsa eu consigo me dedicar à pesquisa científica sem precisar sair do Brasil para me especializar. Quando a gente tem recurso a gente consegue desenvolver pesquisa de melhor qualidade em benefício de toda a sociedade”, conta a jovem pesquisadora.

Ela desenvolve o projeto “Exercício resistido como tratamento da caquexia do câncer: um estudo dos mecanismos envolvidos usando abordagem translacional” em que analisa diferentes volumes e intensidades de exercícios físicos em animais com câncer para observar os efeitos do exercício na doença. “Tentamos traduzir todo esse conhecimento para os humanos. A gente acaba desenvolvendo um projeto onde oferecemos exercícios físicos para pacientes ou pessoas que já tiveram câncer para buscarmos estratégias de melhoria da qualidade de vida destas pessoas”, explica Paola.

A possibilidade de desenvolver novas tecnologias e avançar em sua área de pesquisa também fez com que o pesquisador Eduardo Azzolini Volnistem permanecesse na região de Maringá. Aos 31 anos, ele realiza o estudo “Multiferróicos magnetoelétricos: desenvolvimento e aprimoramento de conversores inteligentes e altamente eficientes para a coleta de energia limpa e renovável” no pós-doutorado em Física da Matéria Condensada na Universidade Estadual de Maringá.

“O foco do nosso projeto é energia renovável e a coleta e conversão de energia limpa por meio do desenvolvimento de novos materiais. Como objetivo principal a gente tem o desenvolvimento de um protótipo de célula solar que colete energia não somente luminosa mas, por exemplo, energia do impacto das chuvas nestas placas. São conversores de energia para uma energia limpa e mais eficiente”, destaca Eduardo.

Ele comenta que participar do programa Jovens Doutores permite não apenas o crescimento profissional pessoal, por serem recém formados, mas também o crescimento coletivo ao permitir o desenvolvimento científico em assuntos de interesse de toda a sociedade. “Sem contar a possibilidade de cooperações internacionais que o programa nos permite realizar para adquirirmos conhecimento em novas tecnologias”, enfatiza.

O diretor de CT&I da Fundação Araucária Luiz Márcio Spinosa reforça a importância da retenção dos recém doutores para o avanço da ciência no Paraná. “É um momento em que os recém doutores finalizaram um trabalho que os qualifica de forma muito elevada e poder agora colocar à disposição da sociedade este conhecimento é fundamental. Sempre é importante lembrarmos o custo para a formação de um doutor. Então o investimento feito nesta capacitação é importante que seja retido e aproveitado pela sociedade”, ressalta o diretor.

O programa concede auxílio para jovens doutores em todas as áreas do conhecimento de quatorze instituições de ciência, tecnologia e inovação (CT&I).

Em Guarapuava a jovem pesquisadora Rafaela da Rosa Ribeiro, 35 anos, do pós-doutorado em Farmácia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) desenvolve o projeto “Mapeamento de variantes genéticas relacionadas ao câncer e o impacto delas na interação com fármacos antitumorais” também contemplado no programa. “A proposta do nosso trabalho é analisar a ação destes fármacos que serão nanoencapsulados e o impacto disso em células tumorais, que possuam variantes genéticas relacionadas ao desenvolvimento do câncer. Para o futuro uso terapêutico destes fármacos no combate à doença”, explica Rafaela.

A pesquisadora lembra que o Brasil forma muitos doutores em diferentes locais e estes doutores estão indo para outras regiões. “A gente precisa de estímulo para que os centros menores se desenvolvam e consigam fazer ciência de qualidade, consigam ajudar a população do nosso país com o retorno dos investimentos. Esse programa é de extrema importância para que haja esse desenvolvimento no nosso estado e possamos ter uma ciência competitiva em nível nacional e internacional”, finaliza.

Os projetos contemplados no Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores devem ser finalizados em 2024.  

Por Ticiane Barbosa