Projeto estuda alternativa para a produção de colágeno de jumento sem abate 24/02/2025 - 16:01

Um projeto apoiado pela Fundação Araucária visa testar uma metodologia de produção de colágeno de jumento nunca antes estudada neste animal para que não haja mais o abate. É crescente a demanda pelo componente na indústria cosmética e de alimentos e, atualmente, a obtenção de colágeno é realizada por meio do abate, o que causa impactos socioambientais significativos, sofrimento animal, além de riscos de biossegurança e propagação de doenças.

O projeto Colágeno de Jumento por Fermentação de Precisão, coordenado pela professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e articuladora do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Proteínas Alternativas, Carla Forte Maiolino Molento, é realizado em uma parceria que envolve o Laboratório de Zootecnia Celular da Universidade Federal do Paraná e o departamento de Engenharia de Bioprocessos da Universidade de Wageningen, nos Países Baixos.

“Nesta primeira fase, nossa meta é ajustar as técnicas existentes para produção de proteínas animais via fermentação de precisão para o colágeno de jumentos. Ainda não há publicação científica sobre produção de colágeno de jumento por fermentação de precisão, isto dá à nossa proposta um grande diferencial em termos de inovação e originalidade”, explica a pesquisadora.

Ela ressalta que, embora haja urgência pela situação em que se encontram os jumentos, é uma pesquisa que demanda alguns anos até que a tecnologia esteja pronta para industrialização. A população de jumentos no Brasil está em declínio acentuado, sendo estimada como menos da metade da população de uma década atrás, com em torno de 400 mil animais em 2017 pondo a espécie em perigo de eliminação local devido à exploração extrativista predatória.

Com o projeto “Colágeno de jumento por fermentação de precisão”, que conta com um investimento de R$ 250 mil da Fundação Araucária, inicia-se uma nova fase na produção deste insumo, que é utilizado para a produção de ejiao. Ejiao é um produto de consumo crescente na China, de demanda sólida na sociedade por lá por ser também associado à Medicina Tradicional Chinesa, percebido como um agente anti-envelhecimento e também muito apreciado pelas suas características sensoriais, como sabor e textura.

“Infelizmente, a forma atual de suprimento desta demanda é o abate de jumentos, exportação de sua pele para a China com a posterior extração do colágeno. A pesquisa sobre colágeno de jumento por fermentação de precisão, apoiada pelo Ministério do Meio Ambiente e pela Fundação Araucária, representa uma iniciativa importante e ao mesmo tempo um marco, pois se trata de estratégia inédita para este contexto”, enfatizou a Carla Forte Maiolino Molento.

As próximas fases do projeto envolvem estudos de escalonamento e de otimização de custo de produção.  Por se tratar de produto para consumo humano, uma vez definidos os procedimentos ideais de produção, é necessário solicitar aprovação regulatória de agências nacionais e, como é para exportação, também do país consumidor.