Pesquisadores e representantes de instituições governamentais estiveram reunidos, nesta terça-feira (20) na Fundação Araucária em Curitiba e online, para discutir os resultados alcançados nos primeiros 14 meses de trabalho desenvolvido pelo Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (Napi) Águas e conhecer as próximas etapas a serem realizadas. A principal ação é o Projeto Vulnerabilidade e Exposição aos Efeitos das Mudanças Climáticas em Setores Estratégicos no Estado do Paraná.

Este projeto prevê a proposição e validação de indicadores de vulnerabilidade climática e de preditores que avaliem o risco climático, no cenário atual e futuro, seja em ecossistemas naturais ou de produção, além da criação de um banco de dados ambiental, social e econômico que abranja todo o estado do Paraná para que se possa quantificar e qualificar a vulnerabilidade de uma dada região do estado, demonstrar suas principais fragilidades, apontar tendências ou indicar fenômenos de difícil detecção.

“Temos resultados muito interessantes em relação à construção do banco de dados, a forma de obtenção destes dados e a própria modelagem. Foi um trabalho bastante intenso dos nossos pesquisadores e pós-doutorandos envolvidos na proposta para que já tivéssemos um panorama bem interessante, tanto para um cenário mundial quanto para o Paraná”, ressaltou articuladora do Napi Águas e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Yara Moretto.

Ela explicou ainda que a equipe pretende expandir os estudos. “Temos muita coisa ainda para acontecer mas já temos uma demonstração de que o projeto vai gerar frutos e produtos extremamente interessantes para o estado. Além disso apresentamos uma proposta de aumento de produtos a partir dos resultados que obtivemos e também um outro projeto voltado para a bioeconomia. Nesta proposta pretendemos aliar todo o contexto de água, desenvolvimento sustentável e produtividade agrícola”, explicou a articuladora do Napi Águas.

O diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária Luiz Márcio Spinosa enfatizou a importância de apresentar à sociedade os resultados alcançados pelos Napis. “Estes momentos são fundamentais no processo de validação dos investimentos que realizamos. Precisamos dar esta devolutiva para a sociedade de tudo que está sendo feito com foco na criação de riqueza e bem estar”, disse.

Para as instituições que podem ser beneficiadas com o resultado do trabalho realizado pelo Napi a conexão com a academia e poder transformar a produção científica em um benefício direto para a sociedade é muito importante. “Trazer este conhecimento para uma questão mais prática, que é a pesquisa aplicada, é fundamental. O Simepar ao mesmo tempo que gera dados ambientais ele precisa do conhecimento acadêmico para transformar estes dados em conhecimento mais prático e aplicado, para que os gestores tenham acesso às informações em uma linguagem de fácil entendimento e de maneira rápida para a tomada de decisões, principalmente, em momentos como de catástrofes ambientais, por exemplo”, destacou José Eduardo Gonçalves representante do Simepar.

Para a gerente de Gestão de Bacias Hidrográficas do Instituto Água e Terra, Daniele Teixeira Tortato, o levantamento de dados é fundamental para a gestão de recursos hídricos. “Para que possamos definir e decidir quais são as ações necessárias para termos bacias sustentáveis, para garantirmos o uso múltiplo da água nestas bacias e atender todos os usuários com quantidade e qualidade”, afirmou.

O recurso investido no Napi Águas foi de R$ 1 milhão. Fazem parte do novo arranjo 55 pesquisadores de 20 instituições de ciência e tecnologia. O professor do Departamento de Engenharia Ambiental da UFPR e vice coordenador do projeto desenvolvido no Napi, Sandro Fhroener, destaca que os estudos serão disponibilizados em uma linguagem acessível podendo ser subsídios para o desenvolvimento de políticas públicas.

“Em cada cidade a gente pretende colocar dados como quantidade de dias com ou sem chuva, por exemplo, ou qual a qualidade da água naquele momento naquela localidade. Também qual seria o prognóstico para futuro destas mesmas situações. Com base nos dados o poder público visualiza regiões com maior vulnerabilidade ou que exigem maior atenção para investimentos”, comenta o professor Sandro.   

Entre os principais objetivos do Napi Águas estão implantar e ativar a rede de pesquisadores no tema água, dar início à construção do banco de dados ambiental aquático no Paraná e realizar pesquisas e atividades que envolvam os setores estratégicos (emergentes, transversais e estruturais) da sociedade.