Sistema Estadual de CT&I e Confap promovem evento em homenagem ao centenário do físico paranaense César Lattes 19/08/2024 - 07:21

O Sistema Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) realizaram, na última sexta-feira (16), a solenidade de homenagem ao centenário do pesquisador César Lattes, nas dependências da Fundação Araucária. O evento também contou com a presença de familiares, ex-alunos e amigos do físico Lattes.

O cientista da área da Física, que ficou mais conhecido como César Lattes, é paranaense, filho de imigrantes italianos. No Brasil, Lattes foi fundador de duas instituições voltadas à pesquisa científica: o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq. O sistema utilizado para cadastrar os currículos de cientistas, pesquisadores e estudantes brasileiros se chama “Plataforma Lattes”, pois foi uma homenagem que o CNPq fez ao físico mais famoso do País.

Para marcar a homenagem aos 100 anos do professor César Lattes, o evento contou com o descerramento do baixo-relevo do pesquisador. Esta obra foi feita a partir do acervo do artista paranaense João Turin.

“É uma honra fazer parte da organização da homenagem a esse pesquisador extremamente importante para o desenvolvimento da ciência e da educação do nosso país. Quando reconhecemos e divulgamos grandes personagens do nosso passado, oferecemos a oportunidade à sociedade de valorizar a construção da nossa história”, ressaltou o presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig.

Na solenidade, também esteve presente o professor da Unicamp, Júlio Hadler, que foi orientado no seu mestrado e doutorado pelo físico César Lattes. Ele tem experiência nas áreas de Física, Geociências e Saúde das Populações, atuando principalmente nos seguintes temas: Física Nuclear Aplicada, Geocronologia e Termocronologia por Traços de Fissão e Contaminação do Ar Ambiental por Radônio e Filhos.

“O Lattes foi uma personalidade muito importante para a pesquisa e para a ciência do Brasil. Ele era um homem que tinha uma visão relevante sobre o social, por isso temos que reconhecer, relembrar e retomar quem foi este grande homem para identificarmos um caminho que foi traçado por algumas pessoas que tiveram uma influência bastante positiva no nosso passado e futuro. Portanto, a sociedade precisa saber quem é o Lattes, o que ele fez, e quão brasileiro e importante ele foi, por esse motivo, eventos como esse de reconhecimento do trabalho desse pesquisador é extremamente relevante”, afirmou Hadler.

A professora da Universidade Federal de Mato Grosso, Iramaia Jorge Cabral de Paulo também esteve presente no evento. Iramaia participou ativamente da criação do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física, a mais importante ação de formação de professores de Física da educação básica da Sociedade Brasileira de Física (SBF), e atualmente, juntamente com o Professor Julio Hadler e o grupo de Cronologia da Unicamp, está escrevendo um livro sobre o legado científico do professor Lattes.

“A homenagem que a Fundação Araucária promoveu tão justamente ao professor César Lattes é de extrema importância porque reverencia a memória de um físico brasileiro que tem uma relevância histórica para a área que é incontestável. Ele também é destaque na formação de outros físicos e grupos de pesquisa não só na região da grande São Paulo, mas também na criação de projetos em universidade mais interioranas como a Universidade Federal de Mato Grosso. O Brasil precisa aprender a reverenciar seus grandes seus grandes cientistas, pois isso move a modernidade, a tecnologia, o conforto e o bem-estar que nós temos hoje é sem sombra de dúvida o conhecimento científico”, disse a professora.

César Lattes teve quatro filhas: todas Marias e na seguinte ordem de nascimento: Maria Carolina(falecida), Maria Cristina, Maria Lucia e Maria Teresa. Todas nasceram no Rio de Janeiro, e em 1967, se mudaram para Campinas. Maria Carolina era artista plástica; Maria Cristina é empresária; Maria Lucia é psicóloga e a Maria Teresa é arquiteta. Duas das filhas do físico puderam participar do evento, a Maria Teresa e a Maria Lúcia.

“O evento promovido pela Fundação Araucária destaca-se como uma significativa homenagem ao legado do cientista curitibano César Lattes, um dos maiores físicos do Brasil. Ao celebrar sua contribuição à ciência, reforça a importância da divulgação científica e valoriza o papel dos pesquisadores na construção do conhecimento. Além disso, a iniciativa inspira novas gerações de cientistas, perpetuando a memória de nosso pai como exemplo de dedicação e inovação no cenário científico global”, enfatizou Maria Lúcia.

O presidente do Confap, Odir Dellagostin, quando soube da homenagem que seria realizada ao centenário do César Lattes fez questão de participar. “São momentos como este que precisamos priorizar, pois é principalmente por meio da valorização e destaque de grandes nomes e feitos da ciência que conseguimos seguir em frente no desenvolvimento desta área em nosso país”, comentou Dellagostin.

O evento contou com a participação de representantes do Sistema Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, incluindo o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa, reitores e pró-reitores de pesquisa e pós-graduação das universidades paranaenses, e também contou com a presença do secretário de Planejamento, Guto Silva. Durante a tarde, também foi inaugurado o espaço denominado “César Lattes”, no Parque da Ciência Newton Freire Maia, no qual os familiares, amigos e ex-alunos do físico puderam contar com uma homenagem e visita guiada pelo Parque, promovida pela Secretaria da Educação.

“Trata-se de uma justa homenagem a um orgulho nacional paranaense e curitibano que foi indicado várias vezes ao Prêmio Nobel, e que merece por ocasião do seu centenário ser enaltecido por este robusto Sistema de Ciência e Tecnologia do Paraná que caminha a passos largos para se consolidar como um dos mais importantes do país. César Lattes é uma inspiração para todo e qualquer cientista que se dedica  à produção do conhecimento”, destacou o secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona.

Baixo-relevo - A história da confecção do baixo-relevo (forma escultórica em superfície plana) para marcar o centenário de Lattes começou com uma provocação do professor Ildeu Moreira, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ele entrou em contato com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), dizendo que seria interessante fazer uma homenagem a Lattes.

Moreira ainda pesquisou e encontrou jornais antigos que mostravam que César Lattes esteve em Curitiba - cidade em que nasceu - no ano de 1948, quando ele já era um cientista mundialmente consagrado. Uma matéria dizia que Lattes havia posado para João Turin, um importante escultor paranaense.

A partir dessa possibilidade, o grupo da UFPR, liderado pelo professor Rodrigo Reis, um dos articuladores do NAPI Paraná Faz Ciência, entrou em contato com o escritório responsável pelo acervo de obras de Turin. A equipe questionou se havia por lá alguma obra que parecesse com Lattes. E a resposta foi sim. A iniciativa mobilizou o NAPI Paraná Faz Ciência junto com a Fundação Araucária e os gestores do acervo artístico de João Turin, resultando no baixo-relevo em bronze do físico brasileiro.

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