Tecnologia Assistiva em época de pandemia. Qual sua relação? 24/04/2020 - 19:20

No atual cenário de pandemia do Coronavírus (Covid-19), muitas pessoas e empresas envolvidas com fabricação aditiva, ou seja, o processo de criar objetos sólidos tridimensionais a partir de modelos digitais, uniram-se com o objetivo de criar e produzir Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) por meio de tecnologias de impressão 3D.

Arcos faciais (Face Shields), máscaras N95, respiradores, dispositivos entre outros equipamentos hospitalares começaram a ser produzidos em impressoras 3D em diferentes materiais, de forma totalmente voluntária por profissionais de diferentes áreas.

Esse trabalho também vem sendo desenvolvido por pesquisadores na área de tecnologia assistiva do Paraná. Embora eles tenham diferentes linhas de pesquisa nos eixos de educação, saúde e autonomia, todos se uniram para o combate e prevenção do Covid-19, adiando suas pesquisas e produções individuais. São vários grupos distribuídos em instituições como universidades, ONGs, hospitais, dentre outras.

Esses pesquisadores estão atuando na colaboração de captação de recursos financeiros, doação de matéria - prima, produção, mão - de - obra para montagem dos EPIs, distribuição gratuita para os profissionais da saúde e hospitais do Paraná, além do envolvimento com pesquisas científicas para avaliar a eficácia da proteção desses equipamentos impressos 3D.

Em agosto de 2019, a Fundação Araucária em parceria com a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e com a Secretaria de Estado de Justiça, Família e Trabalho  (Sejuf) criaram uma Comissão de Tecnologia Assistiva (TA) do Paraná. Professores e pesquisadores do estado, envolvidos com o tema, se uniram com o objetivo inicial de organizar o 1º Workshop Internacional em TA, realizado em novembro de 2019.

“A concepção de grupos e de comissões pela Fundação Araucária é a prova de que o investimento que fazemos em inovação não é direcionado apenas a determinadas áreas, mas sim a toda e qualquer pesquisa que beneficie a população”, afirmou o presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig.

Os professores que fazem parte desta comissão são: Maria Lucia Leite Ribeiro Okimoto (UFPR); José Aguiomar Foggiatto (UTFPR); Roberta T. Stramandinoli Zanicotti (Erasto Gaertner e Centro Hospitalar de Reabilitação do Trabalhador); Maria Lucia Miyake Okumura (PUCPR); Osiris Canciglieri Júnior (PUCPR); Quelen Coden (Sejuf) e Eliane Segati Rios (UENP).

“O cuidado de identificar as principais demandas da sociedade e o momento que o mundo, país e região vivem, são elementos fundamentais para a busca de avanços sociais, econômicos e humanos”, informou o diretor científico, tecnológico e de inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa.

Nesse encontro foram apresentadas e discutidas as principais pesquisas, produtos e serviços na área de TA nos eixos de Educação, Saúde e Autonomia, bem como as políticas públicas que têm sido aplicadas em benefício das pessoas com deficiência. 

“Com a estruturação dessa comissão, conseguimos articular, conectar e integrar atores da área acadêmica que são essenciais para amenizar os efeitos desta pandemia”, ressaltou o chefe do Departamento de Políticas para a Pessoa com Deficiência da Sejuf, Felipe Braga Côrtes.

A Comissão continua se reunindo para discussão do tema e, com a sociedade, vem buscando as necessidades mais emergentes das pessoas com deficiência no Paraná, promovendo pesquisas e conhecimento.

“Mesmo que a produção destes EPIs e equipamentos não seja o foco de discussão da comissão de TA,  momentos como este podem ser aproveitados positivamente para identificar recursos, levantar necessidades, mudar conceitos, unir pessoas, criar serviços e buscar novas soluções desenvolvendo produtos inimagináveis em outros tempos, nem tão remotos assim, sempre com o intuito de minimizar os problemas encontrados pela sociedade e melhorar a qualidade de vida das pessoas em geral”, destacou a professora Roberta Targa Stramandinoli-Zanicotti.

Plataforma ‘Guia PraTodosVerem’

Além das ações realizadas pelos pesquisadores para enfrentamento e prevenção do coronavírus, organizações e startups paranaenses vêm pensando e aplicando ações  direcionadas às pessoas com deficiência visual . Essas pessoas têm tido um grande desafio em manterem-se informadas sobre a crise enfrentada atualmente: sites que não são adaptados para a leitura de tela, gráficos, imagens e vídeos sem audiodescrição  ou até mesmo a enorme quantidade de informações distribuídas em canais/veículos diferentes acaba se tornando um problema.

Foi diante dessa situação que um empreendedor social e um programador, ambos de Curitiba, lançaram no último mês uma plataforma de acesso gratuito que não só centraliza inúmeros conteúdos sobre o coronavírus, como também os tornam acessíveis para pessoas com deficiência visual.

A ideia foi concebida por João Pedro Novochadlo, empreendedor social na área de tecnologia para pessoas com deficiência visual e co-fundador do Veever. “Quando vemos um problema que podemos resolver e não o fazemos, automaticamente nos tornamos parte dele”. E foi por isso que ele entrou em contato com seu amigo Mateus Silva, fundador da DevAcademy, uma escola online de programação. Foram dois dias de trabalho para que juntos conseguissem criar a plataforma.

O aplicativo conta com a mentoria e curadoria de conteúdo de Diele Pedrozo Santo, Mestre em Artes Visuais e Especialista em Educação Especial e Inclusiva, e dos jovens do projeto “Ver com as Mãos”, iniciativa que inclui arte e inclusão, também idealizado por ela. Esses jovens com deficiência  são consultores do aplicativo.

 

 

 

 

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