A evolução da inteligência artificial e seus impactos na pesquisa científica são temas de evento em Curitiba 08/11/2024 - 17:34
Especialistas em inteligência artificial (IA), professores e pesquisadores de instituições de ciência e tecnologia participaram, nesta sexta-feira (8), do seminário "Impactos da Inteligência Artificial na Pesquisa Acadêmica". Em debate temas como o papel da IA nas pesquisas acadêmicas, suas contribuições para a otimização da produção de conhecimento e os desafios que surgem com a crescente integração dessa tecnologia.
Durante a abertura do evento, organizado pela Fundação em parceria com o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) da Fundação Araucária, destacou que a inteligência artificial é uma competência que precisa ser desenvolvida para que um estado ou país se mantenha competitivo.
“O Paraná se insere neste movimento. Entre as principais estratégias estão os Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPIS)), que já contam com 62 grandes redes colaborativas de pesquisadores de diversas áreas, e que são grandes demandantes de inteligência artificial. Com destaque para o NAPI Bioinformática e o CIA Agro”, disse.
Observou, ainda, que a internacionalização precisa fazer parte da estratégia. “A internacionalização é um dos fatores chave para acesso mais rápido a novas tecnologias, novos modelos de utilização da inteligência artificial e temos esta oportunidade de estarmos com o DAAD, que é uma referência na Alemanha em termos de fomento à pesquisa e tecnologias de ponta”, afirmou o diretor.
A diretora do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), Katarina Fourier, enfatizou o interesse da instituição em fortalecer as ações de mobilidade acadêmica com a Fundação Araucária. “A Fundação Araucária, aqui no Paraná, tem uma grande importância, não apenas para o DAAD mas também para a Alemanha, para estreitar as relações acadêmicas com as nossas instituições de ensino superior. Acredito que podemos intensificar ações que promovam o encontro entre pesquisadores brasileiros e alemães. Nossas universidades alemãs têm muito interesse em cooperar com os pesquisadores dos NAPIs”, sinalizou Katarina Fourier.
A parceria do DAAD com o Brasil, teve início com a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) e, em nível nacional, com a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Em 2023, foi lançado o Programa de Pesquisa Alemanha e Paraná (PROPAR), parceria entre a Fundação Araucária e o DAAD, que deve ter seu resultado divulgado até o final de novembro.
“A cooperação internacional, em se tratando de ciência e tecnologia, é imprescindível. O Paraná é um dos estados brasileiros que tem uma das parcerias mais fortes com a Alemanha e por isso o DAAD nos procurou para aproximar mais os pesquisadores paranaenses dos pesquisadores alemães incentivando a mobilidade acadêmica”, enfatizou o presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig.
O PROPAR tem um investimento de cerca de R$ 2 milhões, das duas instituições, para apoiar dez projetos selecionados que envolvem grupos de pesquisas de diversas áreas do conhecimento.
“Além da temática da inteligência artificial, este evento é importante por promover a interação de ex-bolsistas do DAAD, pesquisadores referência na área e fortalecer, ainda mais, a parceria com o DAAD via PROPAR. Nós discutimos há um ano atrás a possibilidade desta parceria devido a esta alta demanda de pesquisadores do Paraná em parcerias com a Alemanha”, comentou a assessora de projetos estratégicos internacionais da Fundação Araucária, Eliane Segati Rios.
Além de analisar as transformações que a IA tem provocado nas práticas de pesquisas, especialistas de diversas áreas e ex-bolsistas do DAAD, também discutiram no seminário questões éticas e as dificuldades enfrentadas por pesquisadores no uso dessas ferramentas. “Nós procuramos trazer a importância da interdisciplinaridade para o tema. Temos aqui palestrantes desde as áreas de artes, medicina, tecnologia, direito até filosofia”, falou a gerente de coordenação de projeto no DAAD, Mariana Golubi.
O diretor de ciência e tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Marcos Pelegrina, enfatizou que o Paraná já tem uma estratégia bem definida sobre o uso da inteligência artificial e o seminário contribui para uma visão mais clara do uso também no meio acadêmico. “A inteligência artificial para o meio acadêmico é bem diferente da direcionada ao mercado. Então ter uma visão bem clara e uma estratégia para o meio acadêmico vai, cada vez mais, fazer com que as nossas pesquisas, que já são destaque em vários rankings nacionais internacionais, avancem ainda mais”, analisou.
O seminário desta sexta-feira, realizado no Campus da Indústria Sistema FIEP, em Curitiba, contou com sete palestras e um momento de troca de contatos e oportunidades de colaboração futura.