A importância da integração para ações ambientais e de desenvolvimento econômico são destaque nos debates da Escola Doutoral Cátedra Araucária 06/07/2023 - 11:29

Durante os debates do evento de lançamento da Escola Doutoral, realizado nesta semana, o pesquisador Eudes Carregosa Prado Lopes da Cornell University, nos Estados Unidos, ressaltou a importância da integração hemisférica ao falar sobre o Desenvolvimento Territorial Sustentável e Integração. “Com o crescente desequilíbrio Oeste-Leste estamos nos convergindo, cada vez mais, Norte e Sul. Então esse Eixo Capricórnio nos permite pensar não só Oeste e Leste mas no futuro Norte e Sul, com a possibilidade de integração em todos os sentidos interamericanos. A sustentabilidade é o eixo que permite pensar o Norte e Sul a partir de um novo reencontro, uma possibilidade de nos convergir a partir de valores mútuos”, defendeu o pesquisador.

Especialista em História Missionária Regional, principalmente no período pós-jesuíta, o pesquisador e vice-reitor da Universidade Gastón Dachary, em Misiones na Argentina, Alfredo Poenitz ministrou a palestra sobre a história geográfica comum que existe na região de ligação de Misiones com o sul do Brasil e Paraguai.

“Essa vinculação geo-histórica acompanhada de outras ciências como a antroplogia e a economia, por exemplo, vão nos dar uma explicação de quem são os protagonistas deste espaço de integração que pretendemos fazer a partir da iniciativa da Fundação Araucária. Então a partir de uma região de vínculo pretendemos traçar uma linha de investigação que nos explique de onde viemos. O mais rico desta Escola Doutoral é a intesdisciplinaridade com o mesmo objetivo que é de buscar uma integração territorial pensando do desenvolvimento sustentável”, comentou o vice-reitor.

Durante os debates do eixo temático ambiental o moderador e pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Francisco Mendonça, ressaltou a necessidade de ações para reduzir os efeitos das mudanças climáticas de maneira emergencial. “Dentro desta preocupação criamos o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação Emergências climáticas para avançar nestes estudos pois o planeta Terra passa por uma situação de emergência climática dada a gravidade da transformação registrada nos últimos 200 anos derivada da ação humana. Ao longo do Trópico nós temos um conjunto de países que são países não desenvolvidos, alguns em desenvolvimento, e em todos eles os riscos se acentuaram aos eventos extremos e a população está à mercê destes fenômenos. Necessitando que a sociedade se organize melhor cientifica e tecnologicamente. Eu acredito que esta Cátedra tem muito a avançar em estudos em parcerias diversas no sentido de tratar das emergências climáticas”, disse.    

Ao abordar o tema “Antropização Crônica da Mata Atlântica Costeira do Paraná: O risco de falência ecossistêmica a partir de um modelo de desenvolvimento insustentável” a pesquisadora da UFPR, Juliana Quadros, reforçou que para haver desenvolvimento territorial sustentável é preciso cuidar dos Serviços Ecossistêmicos e da Agenda 2030. “Os nossos estudos mostram que para fazermos isso precisamos fazer restauração florestal. A Mata Atlântica já é um conjunto de fragmentos e para conectarmos estes fragmentos e melhorar o provimento de serviços ecossistêmicos a gente precisa restaurar florestas, neste caso a Atlântica. Esses trabalhos todos que a gente desenvolve e agora por meio da Escola Doutoral, requerem esta integração. Problemas que são interdisciplinares precisam de soluções interdisciplinares. Desta forma é possível propor formas de desenvolvimento alternativos”, enfatizou Juliana Quadros.

Ao contextualizar a Economia Verde e de Baixo Carbono (CO2), o professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) Christian Luiz da Silva enfatizou que um dos principais desafios é que a Economia de Baixo Carbono (EBC) não consiste apenas em na redução das emissões de gás carbônico, mas espera-se que desempenhe um papel significativo no crescimento econômico, na criação de novos empregos, redução da dependência de fontes externas de energia, e, principalmente, melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas. “É fundamental que haja uma nova forma de crescimento da economia, uma mudança estrutural não apenas no setor produtivo mas também de consumo por parte da sociedade e do que ela considera essencial”, analisa.

As Áreas Chave de Biodiversidade (KBA) da Mata Atlântica na Província de Misiones na Argentina foi o tema explorado pelo pesquisador e coordenador de Sítio do Projeto Mata Atlântica de Aves Argentinas, além de trabalhar na Administração de Parques Nacionais Guillermo Gil y Carbó. Ele enfatizou a importância de que todos os países concentrem esforços para a preservação da biodiversidade, criando áreas de proteção ambiental com ações que promovam o desenvolvimento sustentável e redução de problemas como a contaminação, o roubo de madeira ou a caça ilegal.

“Nestas áreas temos espécies muito importantes em nível mundial e que estão ameaçadas. Com base nestas áreas é possível analisar e detectar áreas para o desenvolvimento de projetos de preservação. É preciso uma iniciativa global para destinar subsídios e recursos para esta conservação. Se os órgãos responsáveis tiverem objetivos comuns, áreas definidas com os mesmos critérios é possível tomar decisões mais assertivas”, afirma.

Eixo temático Econômico - A moderadora da mesa e pesquisadora da UTFPR Hilda Alberton de Carvalho disse que a Escola Doutoral, lançada nesta semana, é uma forma de pensar em melhorias de políticas públicas e econômicas que possam de fato gerar o desenvolvimento tecnológico que também leva ao desenvolvimento econômico e da sociedade. “Que possam ser pensadas em cooperação de todos os representantes desta Cátedra para o desenvolvimento de pesquisas cooperadas e que os diferentes governos possam cooperar de fato com o desenvolvimento econômico de toda a região do Eixo de Capricórnio”, comenta.

Na mesma linha a pesquisadora Isaura Alberton de Lima da UTFPR apresentou a importância das redes de cooperação para o desenvolvimento.  “A atuação em rede de cooperação está cada vez mais presente nas relações interorganizacionais e vêm sendo firmadas em âmbito regional, nacional e ou internacional, com a participação de agentes de diferentes esferas como o setor público, setor privado, instituições de ensino, centros tecnológicos, incubadoras, sociedade civil, ONGs. Daí a importância das redes, bem como, exemplos do Estado do Paraná, os quais vem contribuído para o desenvolvimento econômico, social e ambiental em diversos territórios”, analisa.

O pesquisador do Departamento Acadêmico de Gestão e Economia da UTFPR Rogerio Allon Duenhas tratou do Impacto da Estiagem na Economia Paranaense, assim como do impacto da Covid e do Conflito no Leste Europeu. “A estiagem causada pelas correntes de ar e água que carregam umidade da Amazônia para o Sul do país estão enfraquecendo por causa da intensificação do desmatamento. Temos ainda a influência do Fenômeno La Niña. As consequências são graves como a necessidade do rodízio no fornecimento de água, importação de energia mais cara e redução da produção de alimentos. É importante analisar que o ciclo das chuvas impacta diretamente no PIB do Estado e na vida da população”, alerta.

Ainda durante o evento o consultor do Instituto de Economia Aplicada da Universidade Católica del Norte, no Chile, Herman Alberto Cortes Cortes e o professor e ex-reitor da Universidade Nacional Del Leste, no Paraguai, Geronimo Manuel Laviosa Gonzáles agradeceram pela parceria que se estabelece a partir da iniciativa da Fundação Araucária e destacaram a grande oportunidade de integração entre as instituições membros da Cátedra Araucária.