Paulo Brofman destaca benefícios do PIBIC para a pesquisa 16/11/2015 - 10:20

“Eu considero o PIBIC uma universidade da pesquisa”. Assim o presidente da Fundação Araucária, Paulo Brofman, define a importância do Programa de Bolsas de Iniciação Científica na formação acadêmica e científica dos estudantes universitários. Ele falou sobre o tema na abertura da 24ª edição do Encontro Anual de Iniciação Científica (EAIC) e 1º Encontro do PIBIC Júnior da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no último dia (11), no auditório do PDE, Campus Uvaranas. O encontro também contou com apresentação de trabalhos e painéis e reunião de avaliação do evento. 

Para falar sobre o PIBIC, o presidente da Fundação Araucária, fez uma abordagem sobre a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1951, como um marco nas relações ‘estado-ciência’, passando o estado a ter um papel direto de patrocinador das atividades de pesquisa no país. Nesse processo, chegou à criação do PIBIC, em 1990, como um programa voltado para os alunos da graduação, visando à formação de novos talentos em todas as áreas do conhecimento. Destacando os objetivos do PIBIC, entre eles despertar a vocação para a pesquisa, estimulando o bolsista a pensar cientificamente e usar a criatividade, Brofman aponta como uma das principais conquistas do programa a redução do período para a formação do aluno no mestrado e doutorado. 

“A chance de um ex-bolsista do PIBIC chegar ao mestrado é muito maior, em relação ao aluno que não passou pela iniciação científica”, disse, observando que os orientadores têm grande participação nesse processo, incentivando os seus orientados a dar continuidade às linhas de pesquisa iniciadas no PIBIC. Brofman afirma que é importante que o estudante seja estimulado a aprender coisas novas e buscar a inovação e ter autonomia para decidir. “Assim, quando surgirem dificuldades, terá o discernimento necessário para resolver as questões ou buscar conhecimentos complementares que possam auxiliá-lo. Ele se refere ainda ao aspecto financeiro, uma vez que muitos bolsistas utilizam os recursos para comprar livros e montar o próprio acervo; ou ainda para complementar a renda familiar. 

Contudo, Brofman recorre a Fava-de-Moraes e Fava (2000), para mostrar que há alguns aspectos negativos no sistema de iniciação científica praticado no Brasil. Entre eles a dificuldade de se escolher o orientador. Para o presidente da Fundação Araucária, haveria aqui uma inversão de papéis. Sugere que o aluno escolha o seu orientador, e não o contrário, como ocorre no PIBIC. Reconhecendo o papel de relevância do orientador, diz que, em certos casos, o professor torna o bolsista num mero apêndice do seu projeto de pesquisa. “O bolsista é convertido em mão de obra barata”. Comentando sobre essa situação, Brofman fala das responsabilidades do orientador. A primeira fazer com o que bolsista se sinta parte do projeto. Novamente citando Fava-de-Moraes e Fava (2000), chama a atenção para o aspecto ético da pesquisa, cabendo ao orientador evitar que o bolsista se envolva em fraudes, como inventar, falsificar ou plagiar resultados, a três práticas consideradas criminosas. “O docente tem que ter o compromisso com a produção do conhecimento”, completa. 

Além dessas questões, Brofman apresentou uma série de números que mostram a realidade da iniciação científica no Brasil, a partir de políticas implementadas pelo CNPq, e no Paraná, com ações desenvolvidas pela Fundação Araucária. Nos últimos quatro anos foram financiadas 11.400 bolsas, em parceria com CNPq, com investimento de R$ 52 milhões. Somente neste ano, a Fundação disponibiliza 2.900 novas bolsas de iniciação científica. Ao final da palestra, Brofman foi homenageado, recebendo uma placa que marca sua participação no 24º EAIC da UEPG, entregue pelo reitor Carlos Luciano Sant’Ana Vargas e a pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Osnara Mongruel Gomes. 

Integração

Para a coordenadora do 24º EAIC, professora Maristela Dalla Pria (Diretora de Pesquisa da Propesp), o encontro de iniciação científica se traduz na integração entre graduação e pós-graduação.“Reflete a capacidade de unificar o trabalho de professores e alunos”, disse, ao comentar que muitos dos projetos apresentados durante o encontro têm impacto direto na comunidade, apontando problemas e indicado soluções. “Mesmo os trabalhos teóricos têm o papel modificador, com impacto na construção do conhecimento”, pontuou, afirmando ainda que o EAIC também se constitui em ponto de contato com o que as faz no mundo”. 

O secretário de Ciência Tecnologia e Ensino Superior, João Carlos Gomes, citou sua experiência com o PIBIC, contabilizando 16 anos como orientador de bolsistas. “São 51 orientações, com uma média de três a cada ano”, disse, falando da importância da iniciação científica na formação do aluno. “Quando o professor da pós-graduação recebe um aluno PIBIC, logo percebe o seu potencial. Porque ele discute com o seu orientador e aponta caminhos para o desenvolvimento da pesquisa”. 

Para o secretário, a Fundação Araucária tem realizado um trabalho impar para manter programas e projetos de apoio à pesquisa e, nesse contexto, à iniciação científica. Entre as várias modalidades de bolsas (iniciação científica, bolsa técnico, extensão e residências técnicas), diz que, atualmente, a Secretaria de Estado da Ciência e da Tecnologia, concede cerca de 7 mil bolsas. “Não temos uma bolsa atrasada, porque priorizamos esses programas e projetos”, afirmou, firmando o compromisso de, em 2016, manter o mesmo número de editais e chamadas públicas lançados este ano e, na medida do possível ampliar investimentos. O reitor Carlos Luciano Sant’Ana Vargas, contextualizou a situação do Brasil e do Paraná no cenário da produção de conhecimento, com avanços significativos obtidos nos últimos anos na produção de conhecimento, desenvolvimento tecnológico e investimento em inovação. 

A UEPG se insere nesse contexto, com incentivo à qualificação docente; criação de novos programas de pós-graduação; impulso à iniciação científica; apoio a projetos inovadores e registro de patentes, entre outras ações. Ressaltou o empenho da organização do EAIC, a importância do programa de iniciação científica para a revelação de talentos para a pesquisa. “Eventos como esse devem ser aproveitados por todos, na sua plenitude”, disse. Em sua 24ª edição, o EAIC/UEPG espera a participação de mais de mil alunos e apresentação de cerca de 600 trabalhos. 

De acordo com a pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Osnara Mongruel Gomes, o encontro tem a finalidade de apresentar à comunidade acadêmica e externa as atividades de pesquisa de bolsistas de iniciação científica (IC/CNPq-Fundação Araucária; Ações Afirmativas para Inclusão Social/CNPq-FA; IC voluntários e PIBIC Júnior) e de pós-graduação da UEPG e de outras instituições públicas e privadas da região. A programação registra também a realização da primeira edição do EAIC Jr. Da UEPG. 

O programa de Iniciação Científica Junior iniciou na UEPG em 2010, com objetivo de conceder bolsas para alunos regularmente matriculados em escolas públicas, para desenvolvimento de atividades vinculadas à iniciação científica ou tecnológica na instituição. “A participação dos bolsistas do ‘IC Júnior’ no EAIC possibilitará compartilhar experiências com os acadêmicos do PIBIC e a divulgação dos resultados das pesquisas”, comenta a professora Maristela Dalla Pria.

Fonte: Assessoria de Comunicação da UEPG.

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